A visão estratégica da APED para o período 2023-2026, que é apresentada hoje na conferência "Distribuir Valor Rumo ao Futuro", é um instrumento orientador do posicionamento da associação e inclui quatro eixos: pessoas, 'supply chain' (cadeia de abastecimento), sustentabilidade e digitalização.
A apresentação desta estratégia "é um sinal para todo o mercado", alimentar e não alimentar, "de que enquanto setor estamos muito atentos e muito focados em contribuir para as soluções, quer do ponto de vista ambiental e da sustentabilidade e da descarbonização, quer do ponto de vista da valorização do trabalho no setor, (...) da valorização da 'supply chain' e de todos os elos da cadeia de produção, seja ela agrícola" ou de outras áreas que "são muito relevantes para nós", e que "a digitalização é um desafio de tal maneira incontornável - e do nosso ponto de vista tão impactante - que apresentamos esta estratégia numa lógica de valorizar o que temos", diz o responsável.
Visa também "projetar que não é possível trabalharmos sem termos toda a cadeia de valor a pensar e a lutar para os mesmos objetivos que no final do dia é a valorização dos produtos e melhoria das condições de vida dos clientes e dos consumidores", sintetiza Gonçalo Lobo Xavier.
Depois de uma reflexão interna, tendo em conta as tendências e do que melhor se faz na Europa e no seguimento da estratégia anterior, a APED verificou que "há matérias que que vale a pena com continuar a apostar" e que todos os quatro eixos "não se podem separar entre si".
No que respeita ao eixo pessoas, "queremos continuar a valorizar o setor enquanto setor de carreira, onde vale a pena investir e onde as nossas equipas devem olhar para" um mundo "em constante mudança", até para conseguir atrair mais trabalhadores para esta área.
"Para verem que estamos alinhados com o futuro é preciso olhar para a dimensão do trabalho" das pessoas, "da sua missão, vocação, dos seus salários naturalmente, da valorização do trabalho que fazem nas nossas empresas, mas sem esquecer as outras dimensões", prossegue.
Além disso, "não é possível hoje atrair pessoas para trabalhar no nosso setor sem olharmos para a digitalização, sem olharmos para as alterações de processos decorrentes da modernização dos novos modelos de negócio que passam ou não pelo 'e-commerce', por plataformas digitais novas, novas ferramentas para melhorar a experiência do consumidor em loja ou 'online'" e que também "pela cibersegurança e pela inteligência artificial e o impacto que isso tem no modo como nós consumimos e comunicamos", elenca.
Por exemplo, no eixo da 'supply chain', atualmente "verificamos que para sermos mais eficientes" e "mais capazes de entregar valor aos nossos clientes (...) temos que ter uma dimensão que se preocupa com todo o processo de aquisição de produtos" e a sua origem, seja qual for o setor.
"Tudo isso tem uma dimensão que ainda no final do dia se cruza com a sustentabilidade, com a responsabilidade das empresas estarem preocupadas com a traceabilidade dos produtos", com a melhor gestão dos resíduos, do combate ao desperdício alimentar ou da utilização racional do plástico", aponta.
"Queremos ter um setor que continue com empresas para os próximos 100 anos, numa visão a três/quatro anos naturalmente, mas com o objetivo de termos os negócios e as equipas motivadas para termos empresas nacionais e estrangeiras que estão no universo da APED e que querem continuar a trabalhar e a ser importantes do ponto de vista da criação de emprego e do ponto de vista da manutenção e da valorização da economia portuguesa", sublinha.
O diretor-geral da APED admite que, "neste momento em Portugal", existem dificuldades "em todos os setores" em encontrar pessoas certas quer seja no retalho alimentar quer seja no especializado.
"O que nós pretendemos com esta estratégia é que haja uma valorização das carreiras e do trabalho e das condições de trabalho nas nossas empresas para que se torne atrativo" trabalhar no retalho, conclui.
Em abril de 2023 foi eleita a nova direção da APED - que conta com 208 associados - e tem como presidente José António Nogueira de Brito. Gonçalo Lobo Xavier é diretor-geral desde 2019.
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