Na 5.ª edição deste estudo - elaborado pela FEP e pela Universidade de Saint Gallen (Suíça), em colaboração com uma rede internacional de parceiros e instituições académicas -- o índice da qualidade global da elite portuguesa registou uma "melhoria significativa" de 1,4 pontos, para 58,4 pontos, lê-se num comunicado divulgado pela faculdade portuguesa.
Apesar de ter recuperado terreno na qualidade das elites, Portugal evidencia, segundo os resultados obtidos, "desafios económicos na saúde, investimento, produtividade, habitação e ferrovia".
Apresentado como "o principal 'ranking' internacional de economia política", o Índice de Qualidade das Elites "mede a forma como o modelo de geração de riqueza das elites é mais ou menos extrativo em termos de poder (político e económico)", avaliando ainda "o seu potencial de tradução em valor (político e económico), penalizando ou favorecendo, respetivamente, o progresso do seu país".
Nesta edição do estudo (EQx2024) foram analisados 151 países e 146 indicadores, refletindo "a inflação, os desafios ao comércio e à cooperação globais e a guerra na Europa e no Médio Oriente" e revelando "uma imagem da criação de valor sustentável global e das perspetivas de crescimento futuro".
Segundo a FEP, a subida de Portugal na edição deste ano "deve-se sobretudo ao subíndice de 'Poder', em que o país ascendeu à 14.ª posição, refletindo em grande medida a subida de dois indicadores do pilar de inovação disruptiva com forte peso, designadamente o financiamento de capital de risco e a evolução do número de bilionários".
Citado no comunicado, o diretor da FEP, Óscar Afonso, nota que estes indicadores "podem variar muito numa economia relativamente pequena como a portuguesa, com apenas alguns bilionários e um pequeno mercado de capital de risco".
Por outro lado, Portugal teve um "desempenho pior" no subíndice de "Valor", "em resultado de uma queda no 'Valor Económico', a área do índice que tem o maior peso".
"Os indicadores relacionados com a produção e o trabalho mostraram uma tendência preocupante, evidenciando uma deterioração em vários indicadores, como os respeitantes aos custos com a saúde, o investimento direto estrangeiro e a produtividade", detalha Óscar Afonso, autor do estudo a nível nacional, juntamente com a professora Cláudia Ribeiro e o coordenador do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, Nuno Torres.
No que se refere aos novos indicadores inseridos nesta edição, as classificações obtidas por Portugal ficam abaixo da média nacional (25.º lugar): O país ocupa o 55.º lugar no índice de "Acessibilidade da Habitação", a 41.ª posição na "Densidade da Rede Ferroviária" e o 27.º posto no índice global de "Inteligência Artificial".
"Enquanto Portugal progrediu na atenuação do potencial extrativo das elites, aferido pelo subíndice 'Poder', tal não impediu uma deterioração em termos de valor gerado em 2024, com origem no valor económico", explica Óscar Afonso.
"Indo mais para trás -- acrescenta -, comparando com a primeira edição do índice (relativa ao ano 2020), verifica-se que o subíndice de 'Poder' está acima do nível pré-pandemia, mas o subíndice de 'Valor' ainda não atingiu esse patamar".
De acordo com o diretor da FEP, "isso implica que a potencial diminuição da extração por parte das elites face ao que se verificava antes da pandemia ainda não se traduziu num progresso efetivo, em prol da sociedade, em termos de valor gerado pelos modelos de negócio das elites".
Em termos internacionais, o primeiro lugar do 'ranking' do EQx2024 é ocupado por Singapura, que regressou ao topo, após ter sido ultrapassada pela Suíça no ano passado. O 'top' cinco do 'ranking' fica completo com os Países Baixos, Japão e Nova Zelândia.
Este ano, o Reino Unido ficou de fora do 'top' 10, ocupando a 11.ª posição, com a FEP a referir que o país, "desde o 'brexit', tem perdido terreno nos 'rankings' globais e falhado em atrair investimento estrangeiro".
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