Num comunicado divulgado hoje, os trabalhadores da assistência rodoviária da Brisa reivindicam uma "melhor compensação do trabalho por turnos, feriados, Natal, Páscoa e noites", argumentando que, nos últimos dois anos, "acumulam uma perda remuneratória superior a 1% relativamente à inflação", enquanto "a empresa lucra 496,8 milhões de euros".
"Os mecânicos sentem-se injustiçados por a empresa escolher apenas alguns setores para renegociar as carreiras e traídos por quem os deve representar, em particular o SETACCOP [Sindicato da Construção, Obras Públicas e Serviços]", sustentam.
Segundo se lê no comunicado, "os funcionários estão contra a diminuição do poder de compra, escalas em que conduzem viaturas seis dias por semana e a realização de trabalho gratuito", reclamando, por isso, uma reestruturação da respetiva carreira profissional.
Relativamente à grelha salarial, os mecânicos da Brisa argumentam que, nos últimos 22 anos, desde a privatização da empresa, "teve uma valorização real de 36 euros": "Em 2002, um mecânico em início de carreira auferia dois salários mínimos nacionais e atualmente 1,36, o que prova a regressão da carreira", concretizam.
Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, a Brisa Concessão Rodoviária (BCR) disse ter "um grupo de trabalho com todos os sindicatos representados na empresa para tratar temas de requalificação de funções e valorização das carreiras com salários mais baixos".
Garantindo que manteve, "desde sempre, uma cultura de diálogo e de negociação coletiva", a BCR recorda que "acabou de fechar a revisão do ACT [acordo coletivo de trabalho] com o acordo de todos os sindicatos".
Segundo enfatiza, "nesta revisão o escalão salarial mais baixo ficou acima dos 900 euros mensais, acrescido do subsídio de refeição", sendo que "o aumento salarial mínimo em 2024 na empresa foi de 5% e há escalões salariais que foram aumentados acima dos 10%".
Outra das reivindicações dos trabalhadores é a alteração da escala de serviço, por entenderem que o atual modelo, apenas com um dia de descanso semanal, "tem grande impacto na vida pessoal e profissional dos trabalhadores, em particular nos que conduzem diariamente centenas de quilómetros".
"Existe na empresa escala com dois dias de descanso semanal, aplicada apenas a algumas autoestradas, ferindo o princípio constitucional de trabalho igual salário igual'", notam.
De acordo com os trabalhadores da assistência rodoviária da Brisa, "a empresa fomenta publicamente a segurança e descanso dos condutores, mas não aplica aos próprios funcionários".
A atribuição de um subsídio de Insalubridade, penosidade e risco é outra das reivindicações dos mecânicos da Brisa, tendo em conta "a sobrecarga funcional, o aumento de probabilidade de lesão e o risco agravado da função".
O grupo subscritor do abaixo-assinado abrange cerca de 220 mecânicos da Brisa Operação & Manutenção (O&M), distribuídos por 18 centros em 14 autoestradas do país.
A seu cargo têm o patrulhamento e a assistência aos condutores que circulam nos 1.549 quilómetros e estadas concessionados ou geridos pela Brisa, 24 horas por dia, 365 dias por ano, percorrendo anualmente cerca de 10,7 milhões de quilómetros.
[Notícia atualizada às 15h47]
Leia Também: Obras condicionam trânsito na ligação da A10 à A1 de 6.ª a domingo