O eurodeputado do Partido Socialista (PS) Francisco Assis comentou, este sábado, a viabilização do Orçamento do Estado, que tem sido um tema que marcou esta semana, nomeadamente, com a troca de cartas entre o líder socialista Pedro Nuno Santos e o chefe de Governo, Luís Montenegro.
"A liderança e direção do PS já disseram que querem conhecer o Orçamento e que estão disponíveis para um diálogo com o Governo. É nessa base que nós temos agora que trabalhar. É neste ponto em que estamos e é partir daqui que temos de encontrar uma solução", afirmou, em entrevista à SIC Notícias, quando questionado sobre as várias teses defendidas por diferentes socialistas.
O socialista sublinhou que "nenhum partido da oposição está obrigado a viabilizar o Orçamento", mas que o principal partido da oposição estava obrigado a outra coisa. "O Partido Socialista está obrigado a outra coisa, que é a, responsavelmente, avaliar o Orçamento e os resultados que podem advir ou da aprovação, ou não aprovação", apontou.
E Assis explicou o seu ponto de vista, referindo que tendo em conta a aparente disponibilidade de ambas as partes para o diálogo, deverá chegar um momento em que terá de ser feita a avaliação. "A proposta do Orçamento não será a reprodução do programa do PS. Seria completamente absurdo que alguém governasse por procuração e que a AD aceitasse governar com o programa do PS. Seria absurdo e não seria bom para ninguém", atirou.
Das duas uma: o PS tem de avaliar se as consequências para o país serão "mais negativas" se não houver viabilização ou verificar se o documento será, eventualmente, tão "inaceitável", que confrontar o país com uma crise política será melhor. "São as duas situações limite que temos de avaliar a partir deste momento. Nesta fase, estamos numa fase de disponibilidade para o diálogo", repetiu.
O eurodeputado socialista referiu que, na sua opinião, "todos" estão a fazer "jogos florais" neste âmbito e que os deviam 'largar'. "Ninguém tem estado muito bem neste processo. Devemos ser mais claros. Se há disponibilidade para diálogo, há duas pessoas que têm de se encontrar: o primeiro-ministro e o líder da oposição. Têm de se encontrar e dialogar. O diálogo por cartas parece-me estar esgotado", atirou.
Assis disse que era preciso "chegar a um compromisso" e deixar de lado as diferenças que separam os partidos, porque todos também já sabiam que tanto PSD como PS governariam de formas "muito diferentes". A seu ver, é preciso saber onde tanto o Governo como o PS estão "dispostos a ir".
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