"Sobretudo nos últimos anos, é um fator diferencial e é um dos elementos que os clientes mais valorizam neste momento, a garantia de preço", apontou Guillermo Soler.
A Endesa, que está em Portugal na área comercial de forma ininterrupta há mais de duas décadas, é atualmente o segundo operador em número de clientes no mercado elétrico e tem como objetivo manter-se nesta posição.
"Somos dos poucos operadores que, quando oferecemos um contrato a um cliente, garantem os preços durante um ano, [...] e não é uma prática comum, porque já sabemos que os mercados grossistas apresentam oscilações relevantes", realçou o responsável da elétrica.
Guillermo Soler destacou ainda que o cliente português "está muito mais informado dos seus direitos e de como funciona o mercado" do que o espanhol e que isso também se deve ao trabalho da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
"Creio que temos um bom regulador em Portugal, que define muito bem as regras, de uma forma muito transparente e todos sabemos como temos de trabalhar", afirmou, comparando, a título de exemplo, com o setor das telecomunicações, onde são permitidas fidelizações de clientes. "O cliente doméstico português sabe que pode entrar e sair e procurar melhores propostas a qualquer momento", sublinhou.
Questionado sobre a melhor forma de conseguir preços de eletricidade mais estáveis e previsíveis para as famílias, o diretor-geral considerou que a contribuição das energias renováveis é fundamental, porque afetará diretamente a composição do preço grossista.
O responsável apontou que a nova proposta de desenho do mercado elétrico europeu introduz alguns elementos que visam precisamente evitar as oscilações de preços, sobretudo em momentos de crises, como, por exemplo, a promoção da utilização dos contratos de longa duração de venda de energia (PPA).
Guillermo Soler vincou que um mercado de capacidade que permita armazenar energia renovável em grandes quantidades também ajuda a evitar situações como a que aconteceu este ano, com uma revisão excecional de tarifas em junho, que levou ao aumento dos preços.
"Nós tomámos uma decisão muito relevante no mês de maio, ao tomarmos conhecimento da revisão excecional das taxas, que consiste em não aplicar a taxa social no setor doméstico durante o ano de 2024 e estamos a falar de um impacto nas nossas demonstrações de resultados de algo semelhante a dois milhões e meio de euros que não passamos para os clientes", disse o responsável.
Os custos da tarifa social de eletricidade passaram a ser partilhados entre produtores, comercializadores e restantes agentes no mercado de consumo de energia elétrica, após a Comissão Europeia ter dado razão à queixa da EDP.
Esta medida permite que os comercializadores repercutam este custo na fatura aos clientes, se assim entenderem.
"Neste momento, o regulador está a definir as tarifas para entrada em vigor em 01 de janeiro, em princípio, a primeira proposta deverá ser conhecida em meados do mês de outubro, e quando tivermos essa proposta, vamos avaliar qual vai ser a nossa estratégia [para a tarifa social em 2025]", explicou Guillermo Soler.
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