Num almoço-debate do International Club of Portugal, em Lisboa, sobre o tema 'A Grande Reforma', Jorge Rebelo de Almeida referiu que o Estado não terá ganho nenhum numa baixa generalizada do IRC e manifestou-se também cético sobre o efeito do IRS Jovem como medida para travar a saída do país dos mais novos.
"O IRC só devia baixar como contrapartida das empresas fazerem algo pelo país. Não deve ser uma baixa generalizada, porque os grandes pagadores do IRC vão beneficiar sem fazerem nada", disse o empresário.
A medida, que tem sido um dos fatores de afastamento entre o Governo e o PS nas negociações para o Orçamento do Estado para 2025, devia, assim, ser direcionada para empresas que reinvistam lucros ou invistam no país, defendeu.
Jorge Rebelo de Almeida admite que o único ganho para o país com uma descida generalizada da taxa nominal do IRC será atrair mais investimento estrangeiro, mas, mesmo a este nível, referiu, será mais fácil atrair este investimento com uma administração pública "mais ágil" e menos "complicativa" do que com menos dois ou três pontos no imposto que incide sobre o lucro das empresas.
Sobre o IRS Jovem -- que tem também afastado Governo e PS -- manifestou-se convicto de que nenhum jovem deixará de sair do país por causa desta medida.
Mais do que mudanças nestes dois impostos, o que o país precisa, defendeu, é de uma "reforma das mentalidades" e de que os dois partidos do centro se aproximem, deixando de lado a "estratégia" e a "partidarite" para se unirem em torno dos grandes problemas que o país precisa de resolver.
Durante a sua intervenção, o presidente do Vila Galé referiu-se também ao alojamento local, apontando os benefícios que este teve na reabilitação das cidades, nomeadamente de Lisboa, e considerou que não compete com a hotelaria, antes complementa a atividade desenvolvida pelos hotéis.
Questionado sobre a taxa turística e nomeadamente a subida do seu valor que está a ser promovida em várias cidades (Lisboa decidiu aumentá-la de dois para quatro euros), Jorge Rebelo de Almeida considerou-a "indecente", lamentando que esteja a transformar-se num complemento dos orçamentos camarários.
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