"O que mais me preocupa é que estamos a viver um processo de fragmentação da economia mundial, que não tem apenas a ver com as tensões geopolíticas, e que a globalização, que conduziu a um crescimento muito significativo nas últimas décadas, está a ser reduzida", afirmou durante uma intervenção por ocasião do 30.º aniversário da Intereconomía.
"Além da circunstância específica do preço do petróleo, que tem obviamente um impacto a curto prazo, penso que temos de olhar para as tendências estruturais e este processo de abrandamento da globalização ou de fragmentação é, sem dúvida, uma das questões que mais me preocupa pessoalmente", acrescentou o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Questionado sobre as próximas decisões do BCE em matéria de taxas de juro, Guindos limitou-se a dizer que os últimos dados relativos à inflação e ao crescimento da zona euro constituíram uma "surpresa positiva" que será analisada na próxima reunião do Conselho de Administração do banco, em 17 de outubro.
De acordo com Guindos, a Europa tem "um problema de crescimento económico", com um potencial de crescimento "ligeiramente acima de 1%", devido a problemas estruturais como a falta de produtividade, a escassez de investimento ou o envelhecimento da população.
Neste sentido, comentou que a redução do tempo de trabalho deve continuar a ser acompanhada por um aumento da produtividade, que foi o que permitiu nas últimas décadas reduzir o tempo de trabalho, porque caso contrário "a única coisa que teremos é uma perda de competitividade, recessão e desemprego".
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