Pequim quer aprofundar laços económicos com ASEAN apesar de disputas

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, pediu hoje mais integração entre os mercados da China e do Sudeste Asiático, durante uma cimeira anual, onde foram levantadas preocupações sobre a assertividade de Pequim no disputado mar do Sul da China.

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© YASUYOSHI CHIBA/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
10/10/2024 12:21 ‧ 10/10/2024 por Lusa

Economia

China

O encontro entre Li e os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático seguiu-se aos recentes confrontos violentos no mar entre a China e as Filipinas e o Vietname, que provocaram grande mal-estar devido às ações de Pequim nas águas disputadas.

 

Li não mencionou o conflito no seu discurso de abertura da cimeira, mas afirmou que a intensificação das relações comerciais e a criação de um "mercado de grande escala" são fundamentais para a prosperidade económica.

"A economia mundial continua a registar uma recuperação lenta, o protecionismo está a aumentar e a turbulência geopolítica trouxe instabilidade e incerteza ao nosso desenvolvimento", afirmou.

"Reforçar a coordenação e a sincronização do mercado é uma direção importante para a nossa cooperação futura", disse.

A ASEAN e a China afirmaram hoje que esperam concluir as negociações para atualizar o seu acordo de comércio livre no próximo ano.

As autoridades disseram que o pacto alargado abrangerá a conectividade da cadeia de abastecimento, a economia digital e a economia verde.

Desde que, em 2010, as duas partes assinaram o pacto que abrange um mercado com 2 mil milhões de pessoas, o comércio da ASEAN com a China subiu de 235,5 mil milhões de dólares (215 mil milhões de euros) para 696,7 mil milhões de dólares (637 mil milhões de euros), no ano passado.

A China é o primeiro parceiro comercial da ASEAN e a sua terceira maior fonte de investimento estrangeiro - uma das principais razões pelas quais o bloco tem sido discreto nas suas críticas às ações chinesas no mar do Sul da China.

O Vietname, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, membros da ASEAN, bem como Taiwan, têm reivindicações sobrepostas às da China, que reclama a soberania sobre praticamente todo o mar do Sul da China.

Este ano, navios chineses e filipinos entraram repetidamente em confronto e, na semana passada, o Vietname afirmou que as forças chinesas atacaram os seus pescadores nas águas em disputa. A China também enviou navios de patrulha para áreas que a Indonésia e a Malásia reivindicam como zonas económicas exclusivas.

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., deixou claro a Li, durante as conversações de hoje, que a cooperação ASEAN - China não pode ser separada da disputa marítima, segundo um funcionário da ASEAN que não quis ser identificado devido à sensibilidade da discussão.

Citado pela agência Associated Press, o funcionário disse que Marcos quer dar prioridade às negociações sobre um código de conduta que regule o comportamento no mar para garantir a paz.

Li disse que o mar do Sul da China é "uma casa partilhada" e que Pequim tem a obrigação de proteger a sua soberania, de acordo com a mesma fonte.

As Filipinas, aliado de longa data dos EUA, tem criticado os outros países da ASEAN por não fazerem mais para que a China recue. As conversações sobre o código de conduta estão em curso há anos, dificultadas por questões delicadas, incluindo desacordos sobre se o pacto deve ser vinculativo.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que chegou hoje ao Laos para as reuniões, deverá levantar a questão da agressão da China no mar, segundo as autoridades. Os EUA não têm reivindicações, mas destacaram navios da marinha e caças para patrulhar a via navegável e promover a liberdade de navegação e de sobrevoo. A China avisou os EUA para não se intrometerem nas disputas.

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