Segundo o resumo não técnico do estudo de impacto ambiental em consulta pública, a que a Lusa teve hoje acesso, trata-se de um projeto que além da elétrica estatal envolve os privados da VBC, através da entidade operadora Central Solar de Corumana.
No documento refere-se que o projeto enquadra-se nos objetivos do Plano Estratégico do Governo de Moçambique para o setor energético: "Este constitui um projeto de energia renovável que contribuirá para que o Governo de Moçambique alcance o seu objetivo de eletrificação universal até 2030 e que permitirá a criação, direta e indireta, de mais emprego, contribuindo para o crescimento económico do distrito de Moamba e da província de Maputo".
A central solar será implantada numa área de cerca de 142 hectares, junto à estrada R802 que liga Sábiè a Massingir, na localidade de Matunganhane, distrito de Moamba, a 6,5 quilómetros da barragem de Corumana.
Moçambique contava no ano passado com projetos para centrais solares de 125 MW, com 80 MW já ligados à rede.
A produção de eletricidade através de parques solares em Moçambique cresceu quase 14% no primeiro trimestre de 2024, mas ainda garante menos de 0,5% do total, indicam dados oficiais noticiados anteriormente pela Lusa.
De acordo com o relatório da execução orçamental de janeiro a março, a produção de eletricidade em seis grandes parques solares do país, e por outras centrais mais pequenas, ascendeu neste período a 19.688 MegaWatts-hora (MWh), contra os 17.328 MWh nos primeiros três meses de 2023.
Apesar do crescimento da produção, os parques solares garantiram apenas 0,4% da produção total em Moçambique no primeiro trimestre, liderada pelos aproveitamentos hidroelétricos, com 84,6%, e essencialmente a Hidroelétrica de Cahora-Bassa (82,2% da produção total de eletricidade até março).
Moçambique prevê avançar até 2030 com centrais solares em pelo menos cinco pontos do país, estimando introduzir na rede uma capacidade de 1.000 MW de produção elétrica, prometendo uma "verdadeira revolução solar".
"Acelerar este tipo de projetos para uma escala maior é a forma mais simples de resolver o dilema estratégico de Moçambique após 2030: ter de escolher entre energia verde para exportação ou fornecer energia aos consumidores industriais", segundo a Estratégia de Transição Energética (ETS), noticiada pela Lusa em fevereiro.
A nova estratégia, que prevê investimentos de cerca de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) até 2050, aponta também para o desenvolvimento, numa primeira fase, até 2030, "pelo menos" 1.000 MW de nova capacidade solar fotovoltaica em Dondo, Lichinga, Manje, Cuamba, Zitundo e outros locais "a identificar", e 200 a 500 MW de nova capacidade de energia eólica 'onshore', nomeadamente em Inhambane, Lagoa Pathi.
"Os grandes investidores industriais que necessitam de grandes quantidades de eletricidade verde devem ser incentivados, através de um ambiente empresarial e regulamentar favorável, a desenvolver projetos de energia solar e eólica em grande escala", acrescenta-se no documento.
Até 2050, o objetivo é de ter pelo menos 7,5 GW de capacidade solar fotovoltaica instalada em Moçambique e até 2,5 GW de capacidade de energia eólica.
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