Angola vai olhar para o mercado japonês em busca de financiamento
A ministra das Finanças angolana disse esta quinta-feira que Angola vai começar a explorar "outras geografias" como fontes de financiamento, com foco no mercado nipónico.
© Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images
Economia Angola
"(Vamos) ver que oportunidades há na praça japonesa e outras que se afigurem interessantes do ponto de vista do rácio custo- benefício", disse Vera Daves de Sousa, que falava hoje em conferência de imprensa depois da entrega da proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025.
A proposta de OGE 2025 prevê receitas e despesas de 34,63 biliões de kwanzas (cerca de 35 mil milhões de euros), com um preço de referência de 70 dólares por barril, estimando uma produção petrolífera de 1,098 milhões de barris/dia.
Segundo Vera Daves de Sousa, para o próximo exercício económico o país perspetiva a busca de fontes de financiamento o "mais baratas possíveis e com maturidades mais longas possíveis" e com período de carência.
Vera Daves frisou que interessam sobretudo os financiamentos multilaterais, bilaterais "com uma agência de cobertura de crédito à exportação, com uma garantia de uma multilateral para ajudar a tornar o custo mais baixo".
Em 2025, Vera Daves de Sousa disse que vai continuar a remoção aos subsídios dos combustíveis, com o Governo a trabalhar para as medidas de mitigação.
A governante angolana salientou que relativamente à questão do desemprego, a proposta de OGE para 2025 prevê uma capitalização adicional para o Fundo Nacional de Emprego, em mais de 21 mil milhões de kwanzas (20,1 milhões de euros), além de 382 mil milhões de kwanzas (366,8 milhões de euros), para capitalizar instituições financeiras públicas permitindo a cedência de mais crédito à agricultura familiar.
A titular da pasta das Finanças de Angola realçou que para os investimentos no Corredor do Lobito, ligação ferroviária que liga Angola aos países vizinhos, República Democrática do Congo e Zâmbia, o Governo vai continuar em 2025 a engajar fundamentalmente o setor privado.
"A dada altura, o Estado vai também ter que assumir as suas responsabilidades, mas todas as novas iniciativas que puderem ser levadas a cabo, com maior engajamento do setor privado serão bem-vindas", frisou.
"Estamos a capitalizar o facto de existir muito apetite das instituições financeiras internacionais, até daquelas que fornecem garantias, em ceder fundos, em garantir operação", acrescentou.
A ministra destacou que, este ano, Angola se endividou menos do que antevia, porque o custo financeiro é demasiado alto, mas o país tem a expectativa que as condições financeiras vão ser melhores, conseguindo nos mercados externos captar financiamento em melhores condições.
Por sua vez, o ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, disse que o Governo tem consciência que o nível de crescimento atual é muito reduzido face à previsão do crescimento da população.
Para 2025, o Governo prevê uma taxa de crescimento de 4,1%, disse Victor Hugo Guilherme, salientando que o ideal seria uma paridade entre a taxa de crescimento da população ao crescimento do Produto Interno Bruto, o que não acontece atualmente.
Relativamente à taxa de inflação, o ministro do Planeamento angolano salientou que a previsão média para o período é de cerca de 26.9% e para 2025 19.3%.
"Mas mesmo assim ainda estamos em níveis bastante altos, pensamos que, com outras medidas, sobretudo as medidas de estímulo à economia podemos fazer com que a produção possa aumentar e os preços possam baixar", vincou.
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