"O ACT [Acordo Coletivo de Trabalho] não é revisto já há vários anos, os subsídios de insalubridade e de risco não existem", disse à Lusa Marco Ferreira, que veio de Aveiro e que está nas Águas de Portugal há 19 anos.
Também na concentração, que reuniu mais de 130 pessoas, esteve Rui Estrela, que foi até à sede da empresa para pedir uma melhoria das condições de trabalho.
"Não temos pessoal, os equipamentos cada vez mais deteriorados, não há atualização das carreiras, há muito trabalho temporário", lamentou o funcionário da Águas de Portugal há 20 anos.
Rui Estrela pediu ainda que a administração pague um subsídio de insalubridade e risco adequado.
"Trabalhamos no saneamento, estamos sujeitos a uma carga bacteriológica enorme e não temos. Há pessoas que não trabalham no saneamento e têm [esse subsídio]", acrescentou, relembrando que durante a pandemia da covid-19 os trabalhadores das AdP não abrandaram o seu trabalho.
Os trabalhadores das Águas de Portugal pediram um salário mínimo de entrada de 1.100 euros, bem como um aumento de 150 euros para todos os trabalhadores, um subsídio de prevenção de 2,30 euros e um subsídio de alimentação de 12 euros.
De igual forma, os trabalhadores reivindicam uma nova tabela salarial, o acesso a seguro se saúde após reforma e uma "urgente regulamentação e atribuição de subsídio de penosidade, insalubridade e risco".
A presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL), Cristina Torres, recordou que o ACT da empresa não é revisto desde 2018 e que não tem havido revisão das tabelas salariais.
"As atualizações salariais que estes trabalhadores têm sido aquelas que têm sido aplicadas aos trabalhadores da administração pública. Uma empresa que dá lucro, que tem mão-de-obra qualificada, que precisa de reforçar a mão-de-obra, que precisa de zelar pelo serviço público essencial que presta, precisa de valorizar os trabalhadores", defendeu.
Mário Matos, da direção nacional da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (FIEQUIMETAL), apontou que está a haver uma elevada adesão à greve, apesar de ainda não ter números concretos e pediu negociações justas.
"Desde abril já deveríamos ter avançado com uma série de matérias e até hoje nada foi feito", disse, apontando que é preciso haver "negociações, e não imposições".
Os elementos presentes na concentração votaram, de forma unânime, uma resolução que foi entregue à Águas de Portugal, onde criticam "os constantes incumprimentos do ACT" que "têm conduzido ao empobrecimento dos trabalhadores do Grupo AdP".
Após a entrega da resolução, os representantes sindicais anunciaram que ficou marcada uma reunião com a administração para a próxima segunda-feira, dia 26.
No documento, assinado pelas direções do STAL e dA FIEQUIMETAL, é apontado que a administração da AdP ainda não nomeou ainda uma nova comissão negociadora, o que tem adiado a resolução das negociações.
Os manifestantes apoiaram ainda a restituição pelo Governo da transferência de 100 milhões de euros da AdP para o Orçamento do Estado, ordenada pelo executivo anterior, argumentando que "daria para resolver as situações de incumprimento do ACT e a valorização profissional dos trabalhadores".
Entre outras reivindicações, os dois sindicatos pedem 25 dias de férias, jornadas de 35 horas semanais, fim de subcontratação e a defesa da gestão pública.
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