Segundo a imprensa local, esta é a primeira vez desde 2011 que as autoridades chinesas alteram a sua posição relativamente à política monetária, depois de um período de flexibilização, entre 2009 e 2010, seguido por um período "estável e firme", nos últimos 14 anos.
O documento, divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua, refere que o PCC almeja "expandir a procura interna em todas as direções" e "melhorar a eficiência do investimento".
"Vamos enriquecer e melhorar o nosso conjunto de instrumentos políticos, reforçar os ajustamentos contracíclicos extraordinários e oferecer uma boa combinação de ferramentas para tornar o controlo macroeconómico mais preciso e eficaz no futuro", lê-se no documento.
A decisão, que surge semanas antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca e do agravamento expectável da guerra comercial com os Estados Unidos, animou os investidores, que ficaram desiludidos após um anúncio de estímulo que se centrou mais na troca da "dívida oculta" dos governos regionais do que no aumento do consumo.
O Hang Seng, índice de referência da Bolsa de Valores de Hong Kong, encerrou hoje com ganhos de 2,76%, num dia de perdas até aos últimos minutos, altura em que recuperou após Pequim ter prometido uma "flexibilização moderada" da sua política monetária.
As autoridades chinesas ressalvaram que manterão a sua posição de "procurar o progresso mantendo a estabilidade", com ênfase na redução e prevenção de riscos em áreas-chave da economia: "Devemos [...] manter firmemente a linha vermelha de não permitir riscos sistémicos".
O documento apelou igualmente a que "se faça um bom trabalho na proteção dos meios de subsistência, da segurança e da estabilidade das pessoas, para proteger a estabilidade da situação social global", com vista a melhorar as perspetivas dos chineses. "Devemos envidar mais esforços para melhorar o sentimento de realização, felicidade e segurança das pessoas", refere.
Sobre a crise imobiliária que se arrasta há três anos, o Politburo do PCC está a avançar com esforços para "estabilizar o mercado", bem como os mercados bolsistas, lê-se no documento.
O imobiliário representou em tempos quase um terço do PIB chinês e é o veículo de investimento mais popular para as famílias chinesas.
Sobre os laços económicos com o resto do mundo, os dirigentes chineses apelaram a "uma abertura de alto nível ao resto do mundo e à estabilização do comércio externo e do investimento estrangeiro".
Na quarta-feira, os líderes da China devem iniciar a Conferência Central de Trabalho Económico, uma cimeira anual fundamental onde deverão discutir à porta fechada, durante dois dias, os objetivos económicos para o próximo ano.
A baixa procura interna e internacional, juntamente com os riscos de deflação, estímulos insuficientes, a crise imobiliária e a falta de confiança dos consumidores e do setor privado são algumas das causas apontadas pelos analistas para explicar o abrandamento da segunda maior economia do mundo.
O índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador de inflação da China, subiu 0,2% em novembro, em termos homólogos, segundo dados oficiais hoje divulgados, mantendo a economia chinesa no limiar da deflação.
A economia chinesa permanece à beira da deflação há mais de um ano, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de 'zero' casos de covid-19 no início de 2023.
A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
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