"Não podemos permitir que uma empresa essencial para o desenvolvimento da nossa região seja usada como instrumento político ou fique à mercê de interesses partidários e de privatizações apressadas e mal estruturadas", lê-se num manifesto hoje divulgado.
A posição dos trabalhadores surge em reação a declarações do vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, que, na qualidade de líder do CDS-PP/Açores, disse ao jornal local Diário Insular, na edição de sábado, que "a TAP trata melhor os Açores do que a SATA".
O dirigente centrista foi questionado sobre notícias divulgadas por outro jornal local, o Diário dos Açores, que davam conta de que a Azores Airlines se preparava para abandonar rotas deficitárias, incluindo uma ligação da ilha Terceira aos Estados Unidos.
Artur Lima, que no Governo Regional tem a tutela da gestão da Aerogare Civil das Lajes, na Terceira, rejeitou que a rota Terceira-Oakland tenha dado prejuízo e defendeu que "a TAP tem mais consideração pelos Açores do que a SATA", assegurando uma ligação direta entre a Terceira e São Francisco.
No manifesto hoje divulgado, os trabalhadores questionam, "com preocupação", se o presidente do executivo açoriano da coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, "concorda com as declarações do seu vice-presidente de que a TAP presta um melhor serviço aos Açores do que a SATA".
"Tal posição, se verdadeira, não só ignora os sacrifícios e o trabalho árduo dos trabalhadores da SATA, como também desconsidera o papel crucial da empresa no dia a dia das populações açorianas e no desenvolvimento regional", apontam.
Os funcionários criticam a "crescente interferência de interesses políticos na gestão da SATA", alegando que "tem colocado em risco o funcionamento e a sustentabilidade da empresa".
"Decisões orientadas por agendas partidárias, em detrimento de critérios técnicos e económicos, geram ineficiência, má gestão e comprometem o futuro da companhia", sublinham.
Apelam, por isso, à sociedade civil, às entidades regionais e ao governo central que "não permitam que a SATA se torne um peão na guerra política".
"Reivindicamos uma gestão independente, conduzida por especialistas do setor e baseada em princípios técnicos e económicos sólidos. A autonomia da empresa é essencial para garantir a estabilidade financeira e o cumprimento dos serviços essenciais", defendem.
Os trabalhadores manifestam também "estranheza e preocupação com a apressada alienação da Azores Airlines a um interessado que já tinha demonstrado interesse anteriormente, mas cuja proposta foi, à época, descartada pela própria região".
"Este retrocesso levanta questões sérias sobre os critérios adotados para a venda e os reais objetivos por detrás desta decisão", acusam.
Consideram, ainda, "completamente desequilibrada, desajustada e prejudicial" a pretensão de separar e alienar a unidade de 'handling' da SATA.
"Este serviço é uma peça essencial para a operação integrada da companhia e para a sua viabilidade financeira. A sua separação enfraqueceria ainda mais a estrutura da SATA, prejudicando trabalhadores, a qualidade do serviço e, em última instância, as populações açorianas que dependem desta operação", alertam.
Os funcionários pedem "maior transparência" nas ações do Governo Regional e na gestão da empresa, "com a garantia de que todas as escolhas sejam feitas com base em estudos detalhados e consistentes que considerem as necessidades da população e a sustentabilidade do serviço".
"É urgente que a SATA seja parte de uma estratégia nacional de transportes que contemple as especificidades regionais. O futuro da empresa precisa ser pautado por uma política de aviação pública que assegure o desenvolvimento regional e a interligação do arquipélago", acrescentam.
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