Os lucros das empresas com mais de 20 milhões de yuan (4,3 milhões de euros) em faturação diminuíram em média 4,7%, em termos homólogos, entre janeiro e novembro, de acordo com os dados do Gabinete Nacional de Estatística.
Este valor é superior ao declínio de 4% registado durante todo o ano de 2022, quando a pandemia da covid-19 paralisou a atividade económica.
As receitas cresceram apenas 1,8% em termos homólogos entre janeiro e novembro do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2023. Este valor compara com um crescimento de 5,9% em 2022 em relação ao ano anterior.
Os economistas apontam a deflação como o principal motivo para estes dados, numa altura em que o excesso de produção dos fabricantes e o fraco consumo interno levaram a uma intensa concorrência, minando os preços dos produtos e serviços, o que corroeu os lucros.
A deflação consiste numa redução dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
As estatísticas chinesas mostram 28 meses de deflação consecutivos nos preços no produtor - o preço a que as fábricas vendem os seus produtos - e os economistas preveem que a tendência se mantenha este ano.
As gigantescas empresas estatais da China foram as que tiveram pior desempenho.
Os lucros caíram 8,4%, em termos homólogos, entre janeiro e novembro, em comparação com 1% ou menos para as empresas privadas ou estrangeiras.
Os dados da Associação Chinesa de Empresas Públicas mostram que, das 5.368 empresas cotadas na China continental, 23% registaram um prejuízo líquido anual nos primeiros nove meses de 2024, enquanto 40% registaram uma diminuição dos lucros e 45% tiveram uma queda das receitas.
Mas a economia chinesa enfrenta duas velocidades, com as fortes exportações, que atingiram um valor recorde em 2024, a compensarem a fraca procura interna, à medida que as famílias enfrentam uma profunda crise no setor imobiliário.
Dados oficiais divulgados hoje revelaram um crescimento do comércio externo mais forte do que o esperado no mês passado. As exportações aumentaram 10,7% em dezembro, em termos homólogos, enquanto as importações subiram 1%.
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