Em declarações, por escrito, à Lusa, o NSC respondeu a críticas da AIB, que acusou alguns industriais noruegueses de "falta de ética" e "concorrência desleal" devido à "continuação da importação de bacalhau russo pela Noruega, isento de direitos aduaneiros, que é depois reprocessado e exportado para a Europa", num comunicado divulgado esta quarta-feira.
A associação explicava assim a sua decisão de não participar no seminário "O Futuro do Bacalhau", que decorreu na quarta-feira, em Lisboa, promovido pelo NSC.
"Lamentamos que a AIB e seus associados tenham optado por não estar presentes, mas ninguém tem um 'lugar garantido' ou pode reivindicar um espaço para intervenção", indicou, por sua vez a empresa pública norueguesa.
"Naturalmente, nós, que trabalhamos em nome da indústria de produtos do mar da Noruega, não podemos aceitar diretrizes de uma associação comercial portuguesa que reivindique um lugar no palco", salientou.
O NSC disse que no passado teve "excelentes apresentações da AIB" e que provavelmente continuará "a contar com essas contribuições no futuro", porque acredita "que a organização da indústria em Portugal deseja manter" um "diálogo contínuo".
"Os produtos do mar da Noruega e, especificamente, o bacalhau, têm uma tradição secular em Portugal, e queremos continuar a fortalecer essa relação", salientou.
O NSC disse ainda que, no ano passado, se "verificou uma redução das quotas de pesca do bacalhau, uma situação que se prende com gestão de 'stocks' e consequentemente, com a garantia de sustentabilidade e preservação da espécie".
Para a empresa, "esta gestão é um compromisso base da Noruega, pois é essencial para garantir o futuro do bacalhau".
"A tendência de redução das quotas mantém-se em 2025 e 2026, de acordo com dados divulgados ontem [na quarta-feira] no seminário 'O Futuro do Bacalhau'", sendo que "a partir de 2027 poderemos contar com uma ligeira subida das quotas, resultado do aumento dos 'stocks'", destacou.
Segundo o NSC, "o aumento dos preços resulta do funcionamento normal dos mercados numa situação em que há menos produto disponível e uma procura elevada".
A empresa disse ainda que, em 2024, a Noruega "exportou 283 mil toneladas para vários países sendo que Portugal foi o destinatário de 38% das mesmas com 110.304 toneladas".
Em relação às importações da Rússia, "com quem a Noruega partilha a mesma área de pesca, representaram 35 mil toneladas. Por sua vez, Portugal também fez importações diretas da Rússia, com 26 mil toneladas", assegurou a empresa pública norueguesa.
Já a AIB considera que, com a compra de bacalhau à Rússia pela Noruega, estas empresas estão a financiar a economia russa, "que é atualmente uma economia de guerra", enquanto as outras indústrias europeias, incluindo as portuguesas, "cumprem rigorosamente as sanções impostas contra a Rússia".
"A importação de bacalhau russo por parte da Noruega e a sua subsequente exportação para a União Europeia tem graves consequências", como a distorção de mercado e inflação artificial dos preços, concorrência desleal e quebra de confiança e parcerias abaladas, referiu, no comunicado.
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