"Se não se abordar a sustentabilidade, não haverá um sistema de equilíbrio e no futuro (o Governo) não será capaz de responder a necessidades sociais", disse a ministra em declaração à imprensa no encontro copresidido com a sua homóloga espanhola, Elma Saiz Delgado, no Centro de Conferências Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Para Maria do Rosário Palma Ramalho, "a proteção social em geral é um objetivo a perseguir", atingindo questões sociais como "pensões equitativas, dignidade mínima, condições de vida", especialmente nos grupos em desvantagem, que atingem um número que não é esperado para um país europeu.
Relativamente às reformas, foi lançado um grupo de trabalho para estudar mudanças estruturais, com a ministra a encorajar os portugueses a não depender apenas da Segurança Social.
"Temos de encorajar as pessoas a fazer os seus próprios planos de pensões, para que não dependam somente do sistema de segurança social público", disse à Lusa Maria do Rosário Palma Ramalho, referindo que a nível de pensões o Governo de Luís Montenegro aumentou "especialmente no nível mínimo", mas que ainda é possível fazer mais.
A ministra referiu que, "na perspetiva do Governo português", estão a ser feitas intervenções no mercado de trabalho e em políticas de emprego que tornam as empresas e negócios "mais fortes, maiores e mais sustentáveis financeiramente", possibilitando o aumento dos salários.
"O mais importante é forçar o aumento dos salários médios. Se tivermos um aumento maior do salário mínimo e não do salário médio, no final, todos ganharão o mesmo, o que é baixo e não é isso que queremos", defendeu, acrescentando que as empresas estão a ser encorajadas a "pagar mais aos seus trabalhadores, com benefícios de produtividade que não são sujeitos a IRS ou imposto".
A nível da entrada de jovens no mercado de trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho acredita que é "uma questão muito difícil", já que embora "a taxa de desemprego seja muito baixa em geral", no caso desta faixa etária "é alta, mais de 20%", algo que o Governo português quer mudar.
"Nós já aprovamos e colocamos em ação um número de medidas ativas para o emprego que já impactaram cerca de 6.000 jovens, aqueles que estão melhor qualificados, mas também aqueles que têm qualificações mais baixas", afirmou, referindo que "é importante manter os talentos jovens dentro das fronteiras".
Por essa questão, afirmou ainda que este "grande desafio que deve ser enfrentado de diferentes ângulos" graças a políticas sociais complementares, como o baixo IRS, os benefícios fiscais e o acesso a habitação para jovens, bem como as creches gratuitas para as crianças.
Num contexto de incerteza económica e geopolítica, a reunião ministerial, com o tema promovido por Portugal e Espanha, reuniu representantes de alto nível de 38 países da OCDE, dando lugar a uma discussão "proativa e muito aberta, com contribuições valiosas de todos os Estados e ministros", segundo a ministra portuguesa.
Este encontro na OCDE, que não se realizava há sete anos, abordou questões como o envelhecimento da população, o bem-estar e prevenção de desigualdades das crianças, tendo sido "uma oportunidade única" de partilha de conhecimentos e práticas entre os vários países, segundo a ministra espanhola da Inclusão, Segurança Social e Migrações.
Elma Saiz Delgado defendeu a construção de "sociedades mais inclusivas, resilientes e preparadas" para os desafios atuais e futuros, com a aposta na inversão social para que "ninguém fique atrás" e o "desenvolvimento sustentável das economias", destacando ainda o papel da população estrangeira em Espanha.
Na quinta-feira, decorreu o Fórum de Alto Nível sobre Política no mesmo âmbito, com debates entre os ministros, decisores políticos de alto nível, parceiros sociais, sociedade civil e universidades.
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