"Não estamos a fazer as previsões económicas de inverno [que seriam divulgadas agora em fevereiro], voltando às duas previsões [macroeconómicas] por ano, mas fizemos algumas avaliações e, de facto, em termos gerais, vemos algum abrandamento em comparação com a nossa previsão do outono", afirmou o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, em entrevista à agência Lusa e a outros meios europeus, em Bruxelas.
Segundo Valdis Dombrovskis, "é bastante óbvio que a situação geopolítica e os riscos de segurança estão a ter as suas implicações na confiança dos investidores e dos consumidores, especialmente nos Estados-membros da linha da frente" da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, que já entrou no quarto ano de conflito.
Apesar de Bruxelas só apresentar novas previsões económicas em maio, certo é, de acordo com o responsável europeu da tutela, que "continuam as perturbações na cadeia de valor associadas à agressão da Rússia contra a Ucrânia, mas também os anúncios de tarifas da administração [norte-americana, de Donald] Trump, que, apesar de ainda não se terem concretizado, estão a aumentar a incerteza comercial".
"É evidente que a atual situação geopolítica está a ter um impacto negativo no crescimento económico", observou Valdis Dombrovskis, falando numa "redução do investimento", quando a UE está "à espera do crescimento".
"Isso leva-nos de volta às nossas duas principais prioridades políticas, que esta Comissão Europeia estabeleceu, que são o reforço da nossa segurança e também o reforço da nossa competitividade e desempenho económico", conclui, nesta entrevista à Lusa e outros meios europeus em Bruxelas.
A posição surge depois de, em meados deste mês, Valdis Dombrovskis ter realçado que os "tempos geopolíticos turbulentos" impactam o crescimento económico da zona euro.
Em reação, o ministro português das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse que o Governo não prevê uma revisão em baixa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estimando que, apesar da "enorme incerteza" geopolítica, a economia portuguesa cresça acima de 2% em 2025.
Nas últimas previsões económicas, as de outono divulgadas em novembro passado, o executivo comunitário piorou num ponto percentual a estimativa de crescimento do PIB da zona euro em 2025, para 1,3%, devido à "expansão a um ritmo moderado". Foi a terceira descida consecutiva para a área da moeda única.
Já quanto a Portugal, a Comissão Europeia antecipou um crescimento económico de 1,9% em 2025.
A União Europeia está a preparar-se para tensões com os Estados Unidos, especialmente em relação a tarifas comerciais, dados os recentes anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Donald Trump tem também vindo a manifestar polémicas posições relacionadas com a guerra da Ucrânia, nomeadamente contra o Presidente ucraniano, quando tenta mediar com a Rússia conversações de paz para fim do conflito.
No espaço comunitário paira a incerteza sobre a relação transatlântica, que pode ser afetada por esta nova política económica e comercial da administração americana.
De momento, ocorrem também discussões sobre como a UE pode aumentar os seus investimentos em defesa e financiá-los, quando cálculos recentes da Comissão Europeia revelam que são necessários cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.
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