Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, aponta à Lusa que "a melhoria do outlook para positivo em setembro de 2024 abriu caminho para um quase certo aumento do rating de Portugal", que atualmente é de 'A-'.
"Desde então, a S&P já reviu em alta a notação do país para A, e a DBRS fez o mesmo ao elevar a classificação para A (high). A economia portuguesa continua a apresentar indicadores sólidos, com sucessivos excedentes orçamentais, a redução do rácio da dívida pública face ao PIB nominal, e um crescimento sustentado pelo turismo, aumento do emprego e investimento estrangeiro", nota, acrescentando que "a reação dos mercados à crise política tem sido limitada".
O analista considera que este será um dos primeiros "testes do algodão" às eventuais eleições antecipadas, "permitindo avaliar até que ponto a crise política influencia a perceção externa sobre a solidez da economia portuguesa".
"Com exceção da Moody's, que deverá pronunciar-se apenas a 16 de maio, a Fitch é a única entre as principais agências que ainda não reviu o rating de Portugal para pelo menos A", destaca, salientando que "tudo indica que deverá fazê-lo na próxima sexta-feira, 14 de março de 2025, validando a evolução positiva das contas públicas portuguesas e reforçando a confiança dos mercados na estabilidade financeira do país".
Já no que diz respeito ao outlook (perspetiva), "se a Fitch subir o rating de Portugal para A, é provável que o outlook passe de positivo para estável, como é habitual após uma revisão em alta", ainda que não seja de excluir uma manutenção.
O analista considera ainda que "a atual crise política em Portugal poderá ser um fator considerado pela Fitch, mas é pouco provável que tenha um impacto determinante na decisão da agência".
Henrique Tomé, analista da Xtb, também aponta à Lusa que as agêncas têm atribuído classificações mais favoráveis à dívida do país e que os mercados de capitais não têm demonstrado qualquer preocupação com a crise política que se vive em Portugal.
Ainda assim, destaca que "o quadro europeu se agravou significativamente nestes últimos dias derivado do pacote de estímulos apresentado pelo Conselho Europeu no que toca ao armamento e infraestrutura europeia", levando as yields das obrigações dos países membros a disparar em flecha.
Desta forma, "embora as condições económicas continuem favoráveis, estas últimas semanas trouxeram um agravamento forte nas yields derivado do programa europeu, a somar à atual instabilidade política portuguesa".
"Consequentemente, esperamos que a Fitch suba o rating, ainda que dadas as recentes condicionantes, poderá também manter o mesmo", aponta o analista da Xtb.
Com perspetivas otimistas está também o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que numa intervenção na quarta-feira destacou a subida do 'rating' de Portugal pela DBRS em janeiro e pela Standard & Poor's em fevereiro.
"Claramente, as agências de 'rating' olham hoje para Portugal como um país seguro, estável e confiável", registou, admitindo que também a Fitch poderá "seguir as outras duas agências e também subir" a classificação portuguesa.
Se se confirmar, é a terceira agência de notação financeira a subir o 'rating' de Portugal este ano.
A DBRS e a S&P, que avaliaram recentemente a dívida soberana, já desvalorizaram eventuais pressões negativas da atual crise política sobre os 'ratings', considerando que a trajetória de redução da dívida pública e a situação orçamental do país atenuam os riscos.
A crise política em Portugal foi desencadeada há cerca de um mês após notícias sobre uma empresa familiar que pertenceu ao primeiro-ministro, a Spinumviva, levando à apresentação de uma moção de confiança, rejeitada na terça-feira, provocando a queda do Governo.
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