A economia de Timor-Leste deverá ter crescido 4% em 2024, "refletindo um aumento de 1,6 pontos percentuais face aos 2,4% registados em 2023. Embora esta trajetória ascendente seja encorajadora, ainda fica aquém da meta governamental de 5,0%", pode ler-se no documento, apresentado no Ministério das Finanças, em Díli.
Segundo o BCTL, o crescimento foi impulsionado em 2024 pelo aumento do consumo das famílias, aumento dos gastos públicos e por "um ligeiro" aumento do investimento privado, sustentado pelo investimento público.
"No entanto, a limitada capacidade de absorção de Timor-Leste restringe a capacidade da economia para internalizar plenamente estas despesas, levando a uma maior dependência de bens e serviços importados, o que, por sua vez, atenua parcialmente o crescimento global", salienta o relatório.
O BCTL destaca também que a administração pública continua a ser o "principal motor do crescimento económico" e que o setor da construção teve apenas uma "contribuição marginal, impulsionada pelo investimento público".
"Embora a indústria transformadora tenha registado uma ligeira melhoria face ao ano anterior, o seu impacto global no crescimento de 2024 permaneceu limitado, evidenciando a sua contínua estagnação", refere o relatório.
O relatório refere que em 2024 a inflação caiu para 2,1% (uma redução acentuada face aos 8,4% registados em 2023), "impulsionada pelas condições económicas globais e pela decisão do Governo de revogar os impostos mais elevados sobre importações, que tinham sido anteriormente implementados".
"Apesar das persistentes incertezas económicas globais, prevê-se que a inflação interna continue a diminuir, atingindo uma média de 1,8% em 2025, o nível mais baixo desde 2021", salienta o documento.
Em relação ao crescimento económico para 2025, o BCTL prevê que atinja 4,4% devido ao aumento dos gastos públicos.
"O consumo das famílias e as exportações não petrolíferas também deverão aumentar, enquanto o investimento privado crescerá juntamente com o investimento público", pode ler-se no relatório.
O documento salienta também que o Fundo Petrolífero continuou, em 2024, a ser a principal fonte de financiamento, "representando 83% da despesa pública total, um aumento face aos 73% registados em 2023" e que as receitas internas contribuíram apenas com 17%.
"Esta tendência evidenciou a contínua dependência do país das receitas petrolíferas, com a cessação da produção de petróleo a representar um risco para o capital do fundo e para a estabilidade das finanças públicas a longo prazo", refere o relatório.
Segundo o BCTL, o défice da conta corrente de Timor-Leste aumentou significativamente em 2024 para um valor negativo de 529 milhões de dólares (489 milhões de euros), devido a uma queda nas exportações petrolíferas relacionadas com o fim de vida do campo Bayu Udan.
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