Poucas horas antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentar as taxas alfandegárias em todas os produtos oriundos da China para 104%, o Banco Popular da China (banco central) permitiu que o yuan enfraquecesse em relação ao dólar norte-americano, fixando a sua taxa de ponto médio em 7,2066 yuan por cada dólar norte-americano.
Na terça-feira, o banco central fixou a taxa em 7,2038, marcando a primeira vez que o yuan caiu abaixo do limiar psicologicamente significativo de 7,2 desde setembro de 2023.
"O banco central permitiu que o yuan enfraquecesse como esperado, mas isto não é evidência de uma mudança estrutural na gestão cambial", argumentou Dan Wang, diretor para China no grupo de reflexão ('think tank') Eurasia Group, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
"Perante as atuais pressões tarifárias, o banco central alargou a banda de negociação do yuan para reconhecer plenamente a tensão no mercado cambial, enviando simultaneamente um sinal claro da sua determinação em defender a estabilidade da moeda - esta orientação política não deixa espaço para especulações contra o yuan", afirmou.
A intenção do banco central era tranquilizar os mercados e manter o controlo, em vez de ajudar os exportadores a continuarem a vender os seus produtos aos EUA, acrescentou.
"O banco central procurará estabilizar, e não desvalorizar, a moeda durante a guerra comercial", disse Wang.
O yuan 'offshore' caiu 1,1% para 7,4290 por cada dólar nas negociações de Nova Iorque, no final de terça-feira - o nível mais fraco desde 2010.
Em comparação com o yuan 'onshore', que é fortemente regulado pelo banco central e só pode oscilar diariamente num intervalo máximo de 2%, o yuan 'offshore' está livre de controlos de capital e é mais sensível ao sentimento de risco global.
Um relatório do banco de investimento Goldman Sachs disse na terça-feira que o Banco Popular da China poderia tolerar uma depreciação suave e ordenada do yuan.
Embora a flexibilização da política fiscal continue a ser a principal ferramenta para lidar com o impacto das tarifas dos Estados Unidos, e a depreciação cambial seja uma ferramenta de estímulo cara e menos eficaz, espera-se que o banco central permita uma maior flexibilidade bidirecional na fixação do yuan, segundo o relatório.
"A estabilidade cambial continua a ser uma prioridade para os formuladores de políticas chineses, com o foco mais na gestão do ritmo de depreciação do que na meta de um nível específico de USD / CNY", lê-se na mesma nota.
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