Desde quinta-feira da semana passada que a economia global vive numa espécie de limbo causada pelas tarifas que Donald Trump decidiu impor a todos os produtos que não sejam produzidos em território norte-americano.
O presidente dos EUA quer “tornar a América grande novamente” e considera que estas tarifas representam a ”Dia da Libertação” dos mercados americanos perante países como a China, a Ásia e a União Europeia.
Acontece que nem todos acreditam que as tarifas sejam sinal de prosperidade económica e as críticas contra Donald Trump adensaram-se e começaram até a intensificar-se junto do núcleo duro do partido republicano.
E se, por um lado, alguns países decidiram responder a Trump na mesma moeda, outros preferiram manter a calma e esperar pela disponibilidade dos EUA para negociar. Volvida pouco mais de uma semana após o anúncio das tarifas e menos de um dia após a sua entrada em vigor, eis que Trump anuncia uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas. Mas a medida não é para todos.
Por cá, o Conselho de Ministros vai hoje discutir o tema das tarifas aduaneiras e debater eventuais respostas (agora com algum alívio), depois das reuniões do Governo com associações empresariais, em que foram propostas várias medidas.
Casa Branca alegou 'fake news', mas afinal...
Foi esta segunda-feira que começaram a surgir as primeiras notícias de que Trump estaria a ponderar uma pausa na sua polémica medida.
Com o perigo de uma recessão global, que já se faz sentir sobretudo nos bolsos dos bilionários, que perderam, só na quinta e sexta-feira, 488 mil milhões de euros, os membros do Partido Republicano, viraram-se contra Trump e começaram a apoiar um projeto lei capaz de limitar o poder para impor tarifas.
Durante alguns minutos de segunda-feira houve esperança de que Trump estivesse a considerar fazer uma pausa nas tarifas, com o diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, a avançar que o presidente poderia introduzir uma pausa de 90 dias nas tarifas aplicadas a todos os países, com a exceção da China, algo que a Casa Branca viria a definir como “fake news”. Certo é que ,três dias depois, essa medida aconteceu mesmo.
Novas tarifas para a China. Uma "pausa" para os restantes
Esta quinta-feira, e depois de a China ter retaliado com uma taxa de 84% sobre os produtos norte-americanos, Donald Trump decidiu anunciar que a guerra com a China está longe de acabar. Já os países que não responderam da mesma forma, passam a ter um tratamento diferente.
O presidente dos Estados Unidos anunciou que decidiu autorizar uma pausa de 90 dias aos países que não tenham "retaliado de qualquer forma ou feitio". São no total 72 os países abrangidos por esta pausa.
"Com base na falta de respeito que a China tem demonstrado para com os mercados mundiais, aumentei a tarifa cobrada à China pelos Estados Unidos para 125%, com efeitos imediatos”, disse, autorizando ainda “uma PAUSA de 90 dias, e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante este período, de 10%", aos países que não tenham "retaliado de qualquer forma ou feitio".
O presidente norte-americano, Donald Trump, salientou, esta quarta-feira, que haverá "acordos justos para toda a gente", mas que "não foram justos" com os Estados Unidos, horas depois de ter anunciado um aumento das tarifas aplicadas à China para 125%.
"Estavam a sugar-nos”, disse, defendendo que o país "está muito, muito doente" e "necessita de cirurgia", devido às ações da anterior administração.
UE saúda decisão
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou hoje o anúncio do presidente norte-americano de suspender temporariamente as novas tarifas recíprocas como as aplicadas à União Europeia (UE), esperando a estabilização da economia mundial.
I welcome President Trump’s announcement to pause reciprocal tariffs. It’s an important step towards stabilizing the global economy.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) April 10, 2025
Clear, predictable conditions are essential for trade and supply chains to function.
Tariffs are taxes that only hurt businesses and consumers.…
"Congratulo o anúncio do presidente Trump de suspender as tarifas recíprocas. Trata-se de um passo importante para estabilizar a economia mundial. Condições claras e previsíveis são essenciais para o funcionamento do comércio e das cadeias de abastecimento", reagiu a líder do executivo comunitário numa declaração hoje publicada.
Para a presidente da instituição que detém a competência da política comercial da UE, "as tarifas são impostos que só prejudicam as empresas e os consumidores"
Recorde-se que cerca de 60 países, incluindo os 27 membros da União Europeia (UE), são afetados pelas sobretaxas adicionais impostas por Trump, que tinham entrado em vigor às 00h00 de ontem em Washington (05h00 em Lisboa).
Bolsas 'disparam' após anúncio da pausa
Os mercados estão já a aplaudir a decisão de trump e a bolsa de Lisboa até abriu a disparar mais de 5% esta quinta-feira.
Recorde-se que, nos últimos dias, as bolsas de valores por todo o mundo tinham registado acentuadas perdas devido às tensões comerciais após os anúncios da administração norte-americana.
A bolsa de Tóquio encerrou hoje a ganhar mais de 9%, animada pela decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, de suspender durante três meses a maior parte das tarifas impostas a dezenas de parceiros comerciais.
Por cá, a bolsa de Lisboa abriu hoje em terreno positivo, com o índice PSI (Portuguese Stock Index) a subir 5,31%, para os 6.586,07 pontos.
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