Parque habitacional público deve aumentar (de 2% para 30%) por um motivo

Uma equipa de investigadores defende o aumento de habitação pública dos atuais 2% para 30% como solução para haver mais casas com rendas acessíveis em Portugal sem hipotecar as gerações futuras.

Notícia

© Shutterstock

Lusa
09/04/2025 11:11 ‧ há 5 dias por Lusa

Economia

habitação

 

Pub"> 

Portugal surge na cauda da Europa no que toca ao parque habitacional público, segundo uma comparação de 13 países apresentada num trabalho realizado pela Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian. 

O estudo hoje divulgado mostra que em Portugal apenas 2% dos fogos são públicos, por oposição a países como a Suécia, onde 40% das casas são habitação social e cooperativa.

Nos Países Baixos e na Dinamarca, o parque público chega quase aos 30%. Mais próximo de Portugal está Itália (3,5%) assim como a Alemanha e a Eslovénia (ambas a rondar os 5%).

Com pouca oferta pública e após um longo período de rendas condicionadas, as novas gerações têm sido confrontadas com pouca oferta e rendas muito elevadas, alerta Marli Fernandes, uma das autoras do trabalho.

Atualmente, 70,51% dos portugueses pagam menos de 400 euros por mês. Em Lisboa, a percentagem é menor, mas chega quase a metade da totalidade dos contratos. São contratos antigos, quase sempre celebrados antes de 1991, sublinha Marli Fernandes.

Neste universo de rendas baixas, 30,53% dos arrendatários em Lisboa pagam menos de 200 euros por mês. No Porto, são 44,5% os que pagam menos de 200 euros.

Ao contrário das gerações anteriores que tiveram acesso e continuam a usufruir de habitações a preços acessíveis, os mais novos conseguem apenas encontrar contratos de arrendamento com preços elevados: 28,85% dos contratos de arrendamento em Lisboa são de valores iguais ou superiores a 650 euros e quase 10% ultrapassam os mil euros.

Em vários bairros lisboetas, os proprietários pedem atualmente cerca de 1.200 euros por um T2, segundo uma análise feita pela Lusa que comparou preços de várias plataformas.

Os investigadores da NOVA defendem que a situação poderá ser corrigida com um aumento exponencial da quota de habitação social para os 30%, acreditando que tal ajudaria quem procura casa agora, sem hipotecar as gerações futuras.

Esta é uma das recomendações do estudo de investigadores que quiseram perceber o impacto para as diferentes gerações de algumas medidas do pacote "Mais Habitação", apresentado em 2023 pelo PS, entre as quais o aumento dos atuais 2% para 4% de parque habitacional público.

Sobre o plano de duplicar o valor do parque público para 240 mil fogos (4% do parque habitacional), os investigadores temem que nem esse objetivo seja atingido tendo em conta o valor da construção e a crescente dificuldade em encontrar mão-de-obra e materiais.

Num inquérito realizado pelos investigadores, os construtores revelaram que os materiais de construção e o pagamento de salários são os seus principais custos, atribuindo às dificuldades de encontrar mão-de-obra e material as quebras na construção.

A quase totalidade das empresas (92%) constrói casas direcionadas à classe média, referem ainda os inquiridos.

Para aumentar a oferta de habitação, os investigadores defendem também a liberalização do mercado de arrendamento, sempre acompanhada do aumento da habitação social e de medidas de apoio a`s famílias vulneráveis.

Marli Fernandes reconhece que estes problemas não se resolvem em dois ou três anos, devendo começar-se por identificar as famílias vulneráveis para as poder apoiar e só depois liberalizar o mercado.

O objetivo do projeto hoje divulgado foi perceber "se um conjunto de medidas do pacote "Mais Habitação" é ou não eficaz, se resolve ou não o problema e se é justa em termos intergeracional, porque é importante ter um olhar a médio e longo prazo", explicou o investigador da NOVA SBE, Francesco Franco.

Leia Também: Custos de construção aumentaram 3,1% em fevereiro

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas