O estudo "Mobilidade integrada na Beira Interior" menciona que o serviço ferroviário, "um dos eixos estruturais de desenvolvimento", não mereceu a atenção devida.
Através do documento, a AMT frisa que uma maior articulação entre os dois serviços "não seria expectável, dada a ausência de oferta adequada".
No documento apresentado pela AMT é referido "o desinvestimento na ferrovia; o financiamento pouco equitativo, por parte do Estado, para investimento no interior; e a ausência de fontes alternativas, estáveis e previsíveis, sobretudo no interior".
Através do estudo defende-se que o Orçamento do Estado contemple medidas de discriminação positivas para os territórios de baixa densidade e outras formas de distribuição de verbas também para efeitos de gestão do sistema de transportes, tendo em conta aspetos como a "interioridade e a rarefação de serviços e infraestruturas de mobilidade e de transportes".
A necessidade de "internalizar o conceito de pobreza de mobilidade" e promover uma reflexão sobre esse conceito, no sentido de mitigar a diminuição do acesso a atividades e serviços socioeconómicos essenciais, como o emprego, a educação ou os cuidados de saúde, em especial para as pessoas e as famílias vulneráveis, é igualmente referida.
No documento é sublinhada "a inevitabilidade de envolver as Comunidades Intermunicipais (CIM) da Beira Baixa e das Beiras e Serra da Estrela na implementação de um sistema completo de Mobilidade Integrada, tendo em conta a complexidade da operação".
O estudo preliminar que estabelece o diagnóstico sobre a situação da mobilidade no território dos cinco municípios que são parte do protocolo para o Projeto-piloto de Mobilidade Integrada na Beira Interior inclui a Guarda, Belmonte, Covilhã, Fundão e Castelo Branco.
"A criação de uma autoridade de transportes única para as duas CIM de que fazem parte os cinco municípios parceiros seria o cenário final de plena integração do sistema de mobilidade Beira Interior e nos territórios circundantes".
Na análise feita, é salientado que até à data não existem autoridades de transportes únicas para várias CIM, mas é uma solução possível, "apenas dependendo da vontade das autarquias" e, caso se avance, terá de ser definido o modelo e o faseamento da implementação do Sistema de Mobilidade Integrada da Beira Interior.
Nesse caso, terá também de ser "considerado o exercício de planeamento, ordenamento do território e da mobilidade e os enquadramentos contratuais já lançados ou em execução pela administração local".
O documento apresentado pela AMT recomenda que se inicie um diálogo entre o Estado e a CP -- Comboios de Portugal de forma a dar passos em direção à implementação de um modelo de serviço que se aproxime daquilo que é proposto no estudo, considerando o transporte ferroviário "um dos elementos decisivos da proposta de modelo de oferta de transportes públicos".
Na análise feita é mencionada a distância de algumas estações ferroviárias até aos núcleos urbanos e é sublinhado que "pode faltar inserir uma 'última milha' para completar o percurso de comboio".
"Reforça-se, por um lado, a viabilidade de um serviço de transportes público competitivo e, por outro, a necessidade de uma solução intermodal para o conseguir".
É ainda enfatizado que o estudo assume que "a micro mobilidade partilhada deve ser considerada como complementar ao sistema de transporte público de passageiros e as respetivas interconexões devem ser integradas em sede de gestão do território e planeamento das redes e sistemas de transportes".
Leia Também: Serviço de transporte flexível é "muito adaptável" e promove inclusão