"É a semente para que aqui a zona do Norte, entre o Porto - centrado aqui em Matosinhos - até Viana [do Castelo] ou até Caminha se crie um vale de inovação tecnológica para o mar", disse à Lusa Eduardo Silva, investigador do INESC-TEC e ISEP e um dos principais responsáveis pelo projeto.
Em causa está a Bacia Oceânica, "uma das obras principais do 'hub' zzul de Leixões", que terá dois polos.
"É uma infraestrutura que vai permitir o desenvolvimento e teste de equipamentos que vão para o mar. Quer sejam subaquáticos, quer sejam à superfície. Nos próximos tempos os equipamentos mais testados vão ser equipamentos para a energia 'offshore', mas também robótica de profundidade, aquacultura 'offshore'", explicou à Lusa.
A Bacia Oceânica representa um investimento de 12 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que deverá entrar em funcionamento num prazo de um ano e nove meses, disse à Lusa.
"É um tanque, uma infraestrutura centrada num tanque para permitir estes desenvolvimentos e estes testes nas próximas duas ou três décadas de trabalho, essencialmente desenvolvido aqui pelo INESC-TEC ou pelo INEGI, pelo CIIMAR e pelos restantes parceiros", descreveu Eduardo Silva.
O objetivo é que "apareçam empresas, mais equipas de investigação, mais gente a formar-se em tecnologias que são usadas no mar".
"Isto aqui é concreto. Aqui não há frases feitas, é mesmo trabalho árduo para a economia", defendeu.
Também presente na cerimónia de lançamento da primeira pedra do complexo, a secretária de Estado do Mar, Lídia Bulcão, disse que o investimento "representa uma opção clara na inovação tecnológica e no desenvolvimento sustentável da economia azul, constituindo mais um passo seguro na afirmação internacional de Portugal enquanto país líder na governação zelosa e consciente dos recursos marítimos".
"É fundamental deixar de olhar para o oceano como mar de oportunidades, uma frase feita que tantas vezes nos habituámos a debitar, e transformá-lo numa base de sustentação sólida para a instalação de novas indústrias e para o crescimento de emprego altamente qualificado e devidamente remunerado", vincou a governante.
O antigo secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, também esteve presente.
O Hub Azul Leixões é formado por um grupo de organizações liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência da Universidade do Porto (INESC-TEC).
Também fazem parte do consórcio de Leixões o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), o Fórum Oceano, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) e a Câmara de Matosinhos.
O Hub Azul Leixões é um dos polos do Hub Azul Portugal, uma Rede de Infraestruturas para a Economia Azul, que se inscreve no PRR e tem por objetivo superior contribuir para a descarbonização e para a transformação digital da economia azul, tornando-a "mais competitiva, mais coesa, mais inclusiva e mais sustentável", aproveitando as oportunidades abertas pelas transições energética e digital.
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