"Parece-me no mínimo irónico que o Governo diga no texto da medida que procurou fazer incidir [impostos] sobre os setores que têm mais poder contributivo e depois faz isso só sobre a banca. A maior parte dos bancos que operam em Portugal, em Portugal ou têm prejuízo ou ganham muito pouco dinheiro", afirmou o presidente da instituição financeira.
Motivo pelo qual, Ulrich, que falava à margem do ciclo de conferências PLMJ, que hoje decorreu em Lisboa, com o tema "Reforma do IRS OE2015", considera que "a medida está no mínimo mal dirigida e mal justificada".
Segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2015, o Governo aumenta a contribuição sobre o setor bancário, medida extraordinária instituída pelo Executivo Sócrates para vigorar em 2011, esperando encaixar mais 31 milhões de euros.
O relatório refere que "a Proposta do Orçamento para 2015 procede à prorrogação do regime da contribuição extraordinária sobre o setor bancário" e vai mais longe ao referir que esta vai aumentar.
A subida do imposto cobrado à banca deverá render, segundo o Governo, mais 31 milhões de euros em receitas adicionais, gerando um encaixe de 170 milhões de euros.
O documento refere que o objetivo da contribuição extraordinária sobre o setor bancário é "assegurar que todos os agentes económicos, e em particular aqueles com maior capacidade contributiva, são chamados a participar no esforço de ajustamento".
Questionado sobre a eventual aceleração do calendário eleitoral, Ulrich afirmou que "será uma boa ideia se for o resultado de um consenso entre os principais partidos e o Presidente da República".
Contudo, acrescentou, o respeito pelos calendários que já estão estabelecidos "também é uma boa ideia", já que isso "dá um sinal de estabilidade e permite que as pessoas planeiem as coisas".