"Não vou fazer nenhum comentário sobre esses temas. O que posso dizer é que, na experiência que temos tido -- sou presidente do Conselho de Administração do BFA desde 2004 -- e desde essa altura até hoje, o que tem acontecido ao nível do BPI nunca foi afetado por um plano mais geral, ou mais macro, naquilo que são as relações entre Portugal e Angola", afirmou.
O líder do BPI tinha sido questionado sobre os ativistas detidos em Angola, cujo rosto mais visível é Luaty Beirão, e as declarações feitas por altos responsáveis angolanos que acusaram Portugal de ingerência nos assuntos internos daquele país africano, mas afastou o que é matéria política e o que é negócio.
"O BFA é um banco angolano, que tem como maior acionista um banco português, que é o BPI, e temos uma relação normalíssima com as autoridades angolanas. Nunca houve qualquer questão que derivasse da política externa dos países", assegurou.
E reforçou: "Nunca houve qualquer cruzamento com a política e muito menos com a política portuguesa".
Segundo Ulrich, que falava durante a conferência de imprensa de apresentação das contas do banco nos primeiros nove meses do ano, "o BFA tem 1,4 milhões de clientes, quase 30% dos cidadãos angolanos que têm uma conta bancária".
Até segunda-feira, Luaty Beirão cumpriu 36 dias em greve de fome, protestando contra o que dizia ser o excesso da prisão preventiva e exigindo aguardar julgamento em liberdade, como prevê a lei angolana.
O músico e ativista, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 ativistas angolanos em prisão preventiva sob acusação de atos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.
O início do julgamento, que envolve outras duas arguidas, que estão em liberdade provisória, está agendado para 16 de novembro, no Tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda.