"Hoje em dia as exportações da fileira florestal já representam 10% das exportações de mercadorias. O principal problema a prazo é a falta de matéria-prima, quer de madeira, quer de cortiça", afirmou Ferreira do Amaral, a propósito do estudo "Análise das empresas dos setores da madeira, da cortiça e do papel" que vai ser apresentado na terça-feira.
Destacando a importância que as indústrias da fileira florestal assumem na economia do país e o facto de terem uma estrutura empresarial muito sólida e bastante competitiva, visível nos vários indicadores, em particular nos que se referem às exportações, o responsável da AIFF, assegurou que o setor está em ascensão.
"Todas as indústrias têm tido crescimento, quer a madeira, em termos de produtos de madeira e pasta de papel, quer a cortiça, sobretudo devido às rolhas que têm conseguido recuperar mercado que tinham perdido para outros vedantes concorrentes", salientou, adiantando que é preciso desenvolver este potencial, promovendo todas as espécies florestais.
"Há margem para se aumentar produção florestal das três grandes espécies -- pinheiro-bravo, eucalipto e sobreiro -- embora com ritmos diferentes. O que precisa de crescer mais é o pinheiro-bravo, uma vez que teve uma queda das áreas plantadas das últimas décadas, mas mesmo no que diz respeito ao sobreiro e ao eucalipto justifica-se um aumento da área plantada", considerou.
Ferreira do Amaral defende que deve "haver uma harmonia e um equilíbrio entre as espécies" e sugere uma melhor coordenação das políticas relacionadas com a floresta.
"Temos um setor muito desorganizado. Houve um certo desleixo, temos propriedades muito pequenas que desincentivam o investimento florestal e temos alguns riscos associados à produção florestal como os incêndios e as pragas. É preciso uma aposta na gestão agrupada, na certificação florestal", acrescentou.
O estudo sobre a fileira florestal baseia-se em informação compilada pelo Banco de Portugal e vai ser apresentado na terça-feira na 5.ª Conferência da Central de Balanços, que conta com a presença do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e do vice-governador, Pedro Duarte Neves.
Em 2014, os setores da madeira, cortiça e papel abrangiam cerca de sete mil empresas (2% das empresas portuguesas), representando 3% em termos de volume de negócios e de número de pessoas ao serviço.
O setor exportador compreendia 12% do número de empresas, 49% de pessoas ao serviço e 52% do volume de negócios das empresas dos setores da madeira, da cortiça e do papel, valores superiores aos registados no conjunto das empresas do setor institucional das sociedades não financeiras, que correspondiam a 6%, 25% e 37%.