"Quando fui convidado para o banco foi-me dito que o banco nem precisava de capital", afirmou o responsável durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao Banif.
Luís Amado assumiu o cargo de 'chairman' (presidente não executivo) em março de 2012, mas alguns meses depois o cenário alterou-se e ficou claro que o banco ia precisar de uma injeção de capital.
"A surpresa foi maior à medida que percebia que o nível de capital necessário era muito mais exigente do que aquilo que inicialmente pensava", assumiu.
No início de 2013, menos de um ano depois de ter ocupado o cargo, Luís Amado viu o Estado injetar 1.100 milhões de euros no Banif (700 milhões de euros de capital e 400 milhões de euros em obrigações convertíveis).
O responsável estava a ser questionado pela deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que quis saber quem o convidou para o cargo no Banif, até porque o seu passado esteve sempre ligado à política, e não à banca.
"O convite foi-me feito pelos acionistas de referência do banco", revelou Luís Amado.
"Ser presidente do Conselho de Administração, não executivo, seja em que empresa for, com a minha experiência, é normal. Posso dizer que fui convidado para desempenhar funções não executivas na Caixa Geral de Depósitos [CGD] depois de sair do Governo. Não aceitei por se tratar de uma instituição pública", sublinhou.
E salientou: "Cessei um ciclo de 35 anos de funcionário público, achei que tinha o direito de tentar uma experiência no setor privado. Passados poucos meses confessei ao Dr. Jorge Tomé que 'viemos do Estado e vamos voltar ao Estado'".
Isto, em virtude da "degradação significativa do rácio de capital em apenas seis meses", reconhecida pelo responsável, que levou à entrada do Estado no capital do Banif, onde chegou a deter mais de 99% do capital.