"O banco sentiu-se apoiado pelo Governo, mas o BdP demorou a reagir", disse Luís Amado no parlamento, na comissão de inquérito ao Banif, referindo-se à notícia da TVI de dia 13 de dezembro de 2015, que provocou uma fuga de depósitos próxima de mil milhões de euros nessa semana.
A estação de Queluz de Baixo referiu nessa noite que o Banif ia ser alvo de uma medida de resolução, o que terá precipitado a corrida aos depósitos
Para Luís Amado, "não pode ser escamoteada" a importância da notícia para o fim do Banif.
Para além disso, sublinhou, havia "divergências entre os vários responsáveis" portugueses ligados ao Banif: a administração do banco, o Governo - via Ministério das Finanças -, e o Banco de Portugal.
O diálogo entre os três não era, no final de 2015, de "excelente cooperação" - como o foi, diz, em 2013 e 2014 - e a falta de confiança no banco a juntar à burocracia europeia, por via de Bruxelas, potenciou o fim do banco e respetiva resolução, advoga Luís Amado.
O antigo governante e gestor Luís Amado é a terceira personalidade ouvida na comissão parlamentar de inquérito: na terça-feira, primeiro dia de audições, prestaram depoimento no parlamento os antigos presidentes executivos Joaquim Marques dos Santos e Jorge Tomé.
O processo de venda do banco, em dezembro de 2015, domina os trabalhos para se proceder à "avaliação de riscos e alternativas" da decisão, "no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro".
Também a avaliação do "comportamento da autoridade de supervisão financeira", o Banco de Portugal, sobre o caso Banif, é um dos objetivos da comissão parlamentar de inquérito sobre a venda do banco.