Em comunicado, o CEDRAC fala nas repercussões económicas que a greve dos estivadores do porto de Lisboa tem vindo a causar em todo o país e apoia a posição da Confederação Empresarial de Portugal, que defende que "todos os envolvidos devem encontrar uma solução para o problema, a par da defesa dos interesses da economia por parte do Governo".
"Uma greve de um mês é, acima de tudo, um atentado à economia e apresenta-se já como um problema de segurança nacional", refere João Albuquerque, citado na nota, revelando preocupações face ao "caráter muito específico do setor agrícola, dos seus recursos humanos e a total dependência da economia aos portos marítimos".
Para o responsável do CEDRAC, que representa nove associações empresariais da região do Ave e Cávado, estes aspetos levantam "a necessidade de se abrir novos caminhos que garantam, futuramente, maior competitividade e abertura a novos projetos e investimentos sem conflitualidade laboral".
"O porto de Lisboa é um porto estratégico para a economia nacional e em concreto para alguns subsetores que nele têm o seu ponto de importação de mercadorias, como, por exemplo, os sólidos agroalimentares", lê-se na nota do CEDRAC.
O conselho entende "ser urgente analisar a questão da gestão dos portos e da sua relação com a economia", dado que "a discussão atual parece ignorar que um porto interage com os setores económicos".
A título de exemplo, a instituição, que representa empresários do Ave e Cávado, aponta a "atual falta dos sólidos agroalimentares, que põe em risco a existência de rações para os animais, o que, por sua vez, afeta severamente o setor agrícola desta região".
"Representando o CEDRAC 33,6% das exportações no Norte do país e um volume de negócios na ordem dos 22 mil milhões de euros, tememos pela estabilidade económica dos nossos associados, uma vez que esta greve afeta todos os setores empresariais e desacredita a economia nacional face aos investidores internacionais, o que evidentemente se repercutirá nas exportações", acrescenta João Albuquerque.
A 28 de abril, invocando a necessidade de satisfazer necessidades sociais básicas e impreteríveis, o Governo fixou serviços mínimos para os portos de Portugal, na sequência do pré-aviso de greve do Sindicato dos Estivadores.
A greve tem sido prolongada, através de sucessivos pré-avisos, devido à falta de entendimento entre estivadores e operadores portuários sobre o novo contrato coletivo de trabalho.