Quase quatro anos depois de ter sido aprovado um plano de recuperação, a empresa enfrenta um segundo processo de insolvência, por incumprimento do plano que previa a liquidação de todas as dívidas até 2019.
À saída da sala de audiências, onde decorreu a assembleia de credores, o administrador de insolvência, José da Cruz Marques, explicou que não apresentou um novo plano de recuperação por considerar que a empresa "não tem viabilidade".
José da Cruz Marques adiantou que o próximo passo será inventariar e arrolar os bens para serem vendidos, afiançando que "são insignificantes" e não cobrem os créditos existentes.
"Trata-se apenas de um automóvel e algumas secretárias e computadores que se encontram no escritório. Não chegam sequer para pagar as custas do processo", afirmou.
De acordo com a lista de credores elaborada pelo administrador de insolvência, a ETP de Aveiro tem dívidas de 3,2 milhões de euros distribuídas por 49 credores.
O principal credor é o Sindicato dos Trabalhadores do Porto de Aveiro que reclama pouco mais de meio milhão de euros, relativamente a um acordo de financiamento não cumprido.
Mas o grosso dos créditos é reclamado pelos ex-trabalhadores, que no total têm a receber quase 2,6 milhões de euros, representando mais de 80% das dívidas totais da empresa.
A ETP de Aveiro deve ainda quase cem mil euros à Administração do Porto de Aveiro e 30 mil euros ao BCP.
A empresa, que chegou a ter mais de 60 trabalhadores, não tem atividade desde o passado mês de fevereiro.
Em novembro de 2012, os credores da ETP de Aveiro aprovaram um plano de recuperação que previa a liquidação de todas as dívidas no valor de mais de um milhão de euros, até 2019.
Relativamente aos créditos laborais, a empresa propunha-se liquidar até ao final do ano passado os créditos aos trabalhadores, no valor de 213 mil euros.
O documento obteve os votos a favor dos estivadores e a abstenção da Administração do Porto de Aveiro (APA). As duas empresas de estiva que operam no porto de Aveiro (Aveipor e Socarpor) votaram contra.
O plano de recuperação levou ainda à rescisão do contrato com dez dos 60 estivadores, tendo o montante da indemnização, no valor global de 435 mil euros, sido obtido através de um empréstimo junto do Sindicato dos Trabalhadores do Porto de Aveiro, a pagar num prazo de oito anos.