Em declarações à agência Lusa, Bruce Dawson, explicou que o grande problema dos portos portugueses "chama-se Lisboa", afirmando tratar-se de "um porto estratégico do país", mas que "foi sempre militante".
"A situação é extremamente grave, é impensável, o prejuízo é tremendo e todos estão a ser afetados. Há armadores que já não vêm ao porto de Lisboa e estão a desviar os contentores [carga] para os portos de Leixões, Sines Setúbal e da Figueira da Foz", salientou o gestor.
"Tenho muitas dúvidas de que os armadores voltem ao Porto de Lisboa. Ninguém tem confiança. E se os recuperarmos [aos armadores] é a longo prazo", disse Bruce Dawson.
"Eu não entendo e não quero entender. A greve é com os operadores e os estivadores, mas toda atividade económica está a ser fortemente prejudicada", sublinhou.
No entanto, ainda sobre o diferendo que está na origem da greve dos estivadores, o responsável afirmou: "Parece ser um braço de ferro e se calhar necessita de mais intervenção por parte do Governo".
Segundo o gestor, Lisboa "é um porto chave de entrada e saída de produtos" e à sua volta "há muitas empresas que têm serviços [de e para o porto] e que estão a ser muitíssimo prejudicadas".
"É uma frustração total. Quem está a ser correto ou não, isso não tem a ver comigo, mas sem atividade portuária o prejuízo é muito grande para todos e para a economia portuguesa", salientou.
Apesar de o país "não estar totalmente estrangulado", pois há outros portos, há "um custo maior que "está a ser pago", afirmou, acrescentando que Lisboa é um "porto caro".
Os estivadores estão hoje concentrados no Porto de Lisboa devido à presença de uma equipa da PSP, numa medida de prevenção para a retirada de contentores retidos há cerca de um mês naquele local, quando começou a greve.
Hoje o presidente do Sindicato dos Estivadores classificou de "terrorismo psicológico" e "atentado ao Estado de direito" o anúncio do despedimento coletivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar retirada de contentores retidos.
Os operadores do Porto de Lisboa vão avançar com um despedimento coletivo por redução da atividade, depois de o Sindicato dos Estivadores ter recusado, na sexta-feira, uma nova proposta para um novo contrato coletivo de trabalho.
A decisão do recurso ao despedimento coletivo foi tomada depois de, na sexta-feira passada, o Sindicato dos Estivadores, em greve desde 20 de abril, ter recusado a proposta de acordo de paz social e para a celebração de um novo contrato coletivo de trabalho para o trabalho portuário no porto de Lisboa.