É um hábito histórico que os dados económicos tenham várias leituras diferentes, mas o contexto atual parece ser um dos mais difíceis de compreender e classificar da história portuguesa.
Na síntese de conjuntura divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística, há sinais para todos os gostos: o desemprego segue uma tendência de queda acentuada há vários meses, o emprego aumentou em relação ao ano passado, o indicador de clima económico melhorou durante o verão, a inflação continuou acima da média da zona euro e a indústria abrandou a queda no volume de negócios, mas ao mesmo tempo há vários sinais que colocam em causa a estratégia económica assumida pelo Governo de António Costa.
A atividade económica caiu entre abril e julho, o investimento seguiu o mesmo rumo, as exportações continuam a não cumprir as expectativas e o défice comercial só não aumentou porque as importações caíram ainda mais, sinal do aparente fracasso da política de aposta no consumo.
Mesmo com mais emprego e um salário mínimo mais alto, os portugueses continuam a pensar na poupança antes do consumo e a pressão externa já obrigou Mário Centeno a ser confrontado com questões sobre um segundo resgate da troika.
Num contexto internacional complicado, Portugal corre contra o tempo para conseguir controlar o défice e escapar às temidas sanções da Comissão Europeia, que agravariam inevitavelmente a situação das contas nacionais.