O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao terceiro trimestre do ano, depois de entre abril e maio a economia portuguesa ter crescido 0,9% em termos homólogos e 0,3% em cadeia - praticamente ao mesmo ritmo dos primeiros três meses do ano.
No terceiro trimestre, segundo as estimativas de vários centros de estudos económicos e analistas recolhidas pela Lusa, o Produto Interno Bruto (PIB) terá crescido entre 0,2% e 0,5% em cadeia e entre 1% e 1,3% em termos homólogos.
A estimativa mais pessimista é a do Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, que antecipa um crescimento económico de 0,2% em cadeia e de 1% em termos homólogos.
"Esta estimativa sugere que a economia está com um crescimento fraco desde o segundo semestre de 2015", afirma o NECEP na sua folha trimestral de conjuntura, considerando que os riscos para a economia continuam a ser "predominantemente descendentes".
Os economistas da Universidade Católica mostram-se "fortemente preocupados" com o investimento, que voltou a recuar no segundo trimestre, "sugerindo que o processo de recuperação da economia portuguesa sofreu uma interrupção".
Também os analistas do BPI têm uma estimativa que aponta para um crescimento económico entre 0,2% e 0,3% no terceiro trimestre face ao anterior e de 1% em termos homólogos: "Há uma tendência de uma ligeira aceleração que em princípio se deverá confirmar embora não seja muito expressiva", motivada por uma estabilização da procura interna e uma "dinâmica gradualmente mais positiva" das exportações, disse à Lusa a economista-chefe do banco, Paula Carvalho.
Os analistas do Montepio mostram-se ligeiramente mais otimistas, estimando um crescimento homólogo do PIB de 1,1% e um avanço de 0,3% em cadeia.
O economista-chefe do banco, Rui Serra, explicou à Lusa que esta previsão justifica-se com a expectativa de um "crescimento do consumo privado na ordem dos 0,5%" e, ao contrário dos dois trimestres anteriores, "um contributo positivo das exportações líquidas".
Também o BBVA estima que o PIB avance 0,3% no terceiro trimestre face ao segundo, devido à solidez do consumo, ao dinamismo da exportação de bens e serviços (turismo), prejudicados por um "investimento entravado pela incerteza".
Por sua vez, o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) é o mais otimista, esperando um crescimento em cadeia de 0,5% e homólogo de 1,3% no terceiro trimestre.
O professor António da Ascensão Costa explicou à Lusa que estas projeções "são baseadas na evolução do indicador coincidente do ISEG, que teve uma razoável subida", a qual, por sua vez "decorreu de uma evolução favorável dos indicadores setoriais do INE, nomeadamente o índice de volume de negócios do comércio a retalho e o volume de negócios nos serviços".
O investigador antecipa que "o consumo privado tenha subido alguma coisa, ainda que haja pelo menos uma componente que não teve um comportamento tão favorável", o comércio automóvel, e, relativamente ao investimento, espera que a sua evolução no terceiro trimestre tenha sido "menos negativa".
Questionado sobre se o objetivo de crescimento do Governo para este ano, de 1,2%, é possível, António da Ascensão Costa respondeu que essa previsão "é exequível e aceitável", ainda que a projeção do ISEG aponte para um intervalo de crescimento entre os 1,1% e os 1,2%.
O Governo prevê que a economia portuguesa cresça 1,2% no conjunto de 2016, uma estimativa que está entre as mais otimistas entre analistas contactados pela Lusa, que apresentam previsões entre os 0,9% (NECEP) e 1,2% (valor central da estimativa do ISEG).
"Parece-nos que as metas que estão no Orçamento para este ano são exequíveis, embora estejam um pouco do lado otimista", disse Paula Carvalho, do BPI, que apresenta uma previsão de 1,1% para o crescimento do conjunto do ano.