Carlos Costa enviou, esta segunda-feira, uma carta à Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, na qual diz estar disponível para ser ouvido no Parlamento, avança a SIC Notícias.
Segundo a mesma fonte, em causa está a queda do Banco Espírito Santo, que, na última semana, voltou a ser notícia devido a uma grande reportagem da SIC intitulada ‘Assalto ao Castelo’.
E é exatamente por causa desta reportagem que o governador do Banco de Portugal quer ir ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre o que foi dito nos três episódios que compõem o trabalho do jornalista Pedro Coelho.
Recorde-se que o primeiro episódio do ‘Assalto ao Castelo’ foi para o ar na última quarta-feira. Nos dois dias seguintes seguiram-se outros tantos capítulos.
O Banco de Portugal chegou mesmo a reagir a esta reportagem, tendo emitido dois comunicados. No primeiro garantia que na época a que se referem as acusações que surgem no trabalho jornalístico o “Banco de Portugal não dispunha de factos demonstrados que (…) permitissem abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos administradores em causa”, em especial no que diz respeito a Ricardo Salgado.
Num segundo comunicado, após um segundo episódio no qual foi dito que uma equipa de técnicos do BPI “estudou a fundo as contas do Grupo Espírito Santo referentes a 2010 e 2011”, tendo elaborado o respetivo relatório em janeiro de 2013, o BdP garantiu que foi a sua atuação “única e exclusiva” que detetou, em novembro de 2013, as falhas nas contas da Espírito Santo Internacional.
Bloco e PCP querem Carlos Costa fora do Banco de Portugal. PS 'foge' e PSD defende o governador
No rescaldo da reportagem, Catarina Martins já afirmou perentoriamente que o governador do Banco de Portugal “não tem condições” para continuar a exercer funções, pois cometeu “várias falhas graves” naquele que é o seu papel de supervisão da banca portuguesa.
Posição semelhante tem o secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa defendeu que Carlos Costa “não tem condições” para se manter em funções, enquanto o comentador político Marques Mendes, do PSD, defendeu que Carlos Costa “agiu de forma tardia, mas agiu”, descrevendo Ricardo Salgado como um “génio do mal”.
Uma posição mais politicamente correta adota o Partido Socialista. António Costa disse que o Governo trabalha “de forma leal e construtiva” com o governador do Banco de Portugal, lembrando que Carlos Costa foi reconduzido no cargo pelo governo PSD/CDS e que o mesmo tem um “estatuto próprio de inamovibilidade”, razão pela qual não pode pedir a sua demissão.
Em sentido oposto encontramos o PSD. Pedro Passos Coelho defendeu que os “órgãos independentes devem ser valorizados na sua independência”, garantindo não conhecer “nenhum facto que, à luz das disposições legais, impeça o governador Carlos Costa de fazer o seu mandato”.