Sem surpresa, a boa nota da Comissão Europeia ao desempenho orçamental português provocou uma reação positiva por parte da Moody's.
Num relatório publicado esta manhã, a agência de rating definiu como "positivo" o impacto da quase inevitável saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos aplicado pela Comissão Europeia desde 2009.
Referindo a renovada "confiança dos investidores", a Moody's reconhece que a credibilidade portuguesa está a aumentar a olhos vistos, mesmo com alguns problemas estruturais ainda por resolver.
De acordo com o vice-presidente e analista sénior da Moody's, Evan Wohlmann, a recomendação da Comissão Europeia de saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos "reconhece o desempenho orçamental acima das expectativas em 2016, ano em que o défice orçamental caiu para 2% dos 4,4% de 2015, e a convicção da CE, que partilhamos, que o défice permanecerá abaixo do limite de 3% durante 2017 e 2018".
A agência de notação financeira alerta, contudo, para o desafio que será cumprir nos próximos dois anos os ajustamentos estruturais impostos pela Comissão Europeia (CE): "Embora antecipemos que o défice deverá continuar a cair para 1,8% [em 2017], Portugal corre o risco de não cumprir os ajustamentos fiscais estruturais da CE este ano e as medidas necessárias para garantir as reduções previstas do défice nos próximos anos ainda não foram suficientemente detalhadas", sustenta.
"Adicionalmente -- refere - as exigências mais rígidas ao nível das provisões fiscais que Portugal terá que cumprir estando fora do Procedimento por Défices Excessivos contribuirão para promover a consolidação fiscal e a redução da dívida".
Segundo a Moody's, "apesar de em 2016 as receitas terem ficado aquém do orçamentado, a significativa redução das despesas (nomeadamente em gastos de capital) e o controlo apertado nos gastos com bens e serviços foram suficientes para reduzir o défice português para um nível mais baixo do que o previsto" pela agência de notação.
"Esperamos que a recomendação da Comissão venha agora reforçar a confiança dos investidores e contribuir para manter condições favoráveis de financiamento do país", acrescenta.
[Notícia atualizada às 12h20]