A propósito do seu primeiro espetáculo no Coliseu dos Recreios, marcado para os dias 12 e 13 de abril, Herman José esteve à conversa com Manuel Luís Goucha para uma franca entrevista que foi esta terça-feira transmitida no programa ‘Você na TV’, da TVI.
O espetáculo no Coliseu
Estar num dos palcos mais prestigiantes do país pela primeira vez em 40 anos de carreira envaidece o artista, que se orgulha de ainda poder contar com a presença da mãe na primeira fila. Quanto aqueles que infelizmente já não estão presentes, é a amiga Amália Rodrigues e o seu pai quem lhe fará mais falta. “São pessoas que estão sempre presentes”, garante.
O sucesso nas redes sociais
Mais recentemente é nas redes sociais que vemos Herman José fazer sucesso com as várias personagens que cria nos vídeos que publica no Instagram. Porém, enganem-se os que acham que as redes sociais foram uma necessidade de se reinventar.
“Sempre fui muito tecnológico”, garante, sem medo de admitir que: “Finalmente eu tenho público que mereço e os utensílios que preciso para conseguir fazer aquilo que sempre quis”.
A censura de que foi alvo
“Eu sofri imenso com as censuras”, conta Herman, lembrando episódios do passado. “Foi uma luta muito solitária, terrivelmente complicada e muitas vezes assustadora”, garante.
“Vivia terrivelmente isolado na minha suposta modernidade”, explica.
Questionado sobre se ainda é alvo de censura atualmente, o humorista, ator e cantor garante que sim. “Portugal tem os seus problemas é ainda uma democracia por cumprir com alguns dramas”, explica, garantido, porém, que nos dias de hoje é o próprio o seu principal opressor. “Sou muito cruel comigo próprio”.
Os limites do humor e a relação com Deus
Para Herman os limites do humor são ditados pelo sitio onde está. “As liberdades mudam consoante o sitio onde tu estás”, defende.
Sobre a relação com Deus, o humorista mantém as suas convicções e define-se como ateu, mas sempre com grande respeito e fascínio pelas várias religiões. “Um ateu quando é puro, como é o meu caso, temos um grande fascínio por todas as religiões”.
O sucesso não o deslumbrou
Apesar do grande sucesso que a sua carreira artística atingiu, das condecorações que recebeu e da figura incontornável que se tornou no nosso país, Herman garante que nunca se deixou deslumbrar.
Viajar pelo mundo e estar perto de outras figuras internacionais e até de outras pessoas com bastante mais poder económico fez com que percebesse que não poderia deslumbrar-se. Em várias situações sentia-se “humilde e tão pequenino”.
O passado, o presente e o futuro
Herman espera aos 90 estar ainda em cima de um palco a cantar, e com a mesma vitalidade que tem ainda aos 64 anos de idade. Tem atualmente a vida que sempre sonhou, mas não esconde que se voltasse ao passado faria “um milhão de coisas” diferentes.