Plácido Domingo pede perdão por assédio sexual que negou durante meses

O cantor de ópera espanhol Plácido Domingo pediu hoje perdão às 20 mulheres que o acusaram de assédio sexual nos Estados Unidos, após ter negado repetidamente as acusações e num momento em que um inquérito concluiu existir "comportamento inapropriado".

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Lusa
26/02/2020 06:28 ‧ 26/02/2020 por Lusa

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Plácido Domingo

O cantor de ópera espanhol Plácido Domingo pediu hoje perdão às 20 mulheres que o acusaram de assédio sexual nos Estados Unidos, após ter negado repetidamente as acusações e num momento em que um inquérito concluiu existir "comportamento inapropriado".

"Quero que elas saibam que estou sinceramente desolado pelo sofrimento que lhes causei. Aceito toda a responsabilidade dos meus atos", indicou o cantor de 79 anos em comunicado publicado pela sua agente em Los Angeles, a cidade onde dirigiu a ópera até outubro antes de ser obrigado a sair após estas acusações, que negou durante meses.

O pedido de desculpas surge após o sindicato norte-americano dos cantores de ópera ter divulgado os resultados de um inquérito independente iniciado em setembro sobre as acusações de assédio dirigidas a Plácido Domingo, e que deixaram poucas dúvidas sobre o comportamento do cantor.

"O inquérito concluiu que Domingo teve um comportamento inapropriado, desde o 'flirt' até aos avanços sexuais, no interior e exterior do seu local de trabalho. Muitas das vítimas referiram-se ao medo de represálias profissionais como o motivo pelo qual não falaram mais cedo", anunciou em comunicado a American Guild of Musical Artists (AGMA).

Algumas horas mais tarde, o jornal New York Times, ao citar um e-mail assinado por dirigentes do sindicato, revelava que a AGMA tinha tentado negociar um acordo com o tenor, em que se teria comprometido a condicionar as suas declarações públicas sobre o inquérito através do pagamento por Plácido Domingo de cerca de 500.000 dólares (461 mil de euros).

Segundo o diário, as negociações fracassaram na sequência de fugas de informação ocorridas na noite de segunda para terça-feira.

Interrogado sobre estas informações, o sindicato não reagiu de imediato, enquanto a agente do cantor, Nancy Seltzer, não confirmou nem desmentiu.

"É verdade que prosseguem negociações em curso com a organização para ver como avançar", indicou.

No entanto, o sindicato indicou que "no atual momento", não iria publicar "detalhes do [seu] inquérito interno".

Num inquérito publicado em agosto pela agência noticiosa Associated Press (AP), nove mulheres afirmaram terem sido assediadas pelo cantor a partir de finais da década de 1980. No mês seguinte, a AP divulgou um segundo inquérito referindo que outras 11 mulheres também revelaram terem sido vítimas de assédio.

Plácido Domingo, habituado a ovações por todo o mundo e que gravou mais de 100 álbuns, ficou desta forma sob a mira do movimento #MeToo, que nasceu na sequência das acusações contra o produtor de cinema Harvey Weinstein em outubro de 2017.

Na segunda-feira, Weinstein foi considerado culpado em Nova Iorque de agressão sexual e violação, e arrisca até 29 anos de prisão.

 

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