"Um dia, não sabemos quando, mas vamos sair" desta crise

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esteve n'O Programa da Cristina', da SIC, esta segunda-feira, 20 de abril.

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Marina Gonçalves
20/04/2020 13:54 ‧ 20/04/2020 por Marina Gonçalves

Fama

Graça Freitas

A conversa de Cristina Ferreira começou com uma viagem ao passado de Graça Freitas, que recordou as suas paixões antes de chegar à medicina. Uns amigos dos seus pais tinham plantações de batatas e, por isso, a atual diretora-geral de Saúde queria - naquela altura - ser dona daquelas terras para poder cultivar. Isto ainda em Angola, onde nasceu e viveu durante alguns anos. 

A segunda paixão era a arquitetura, no entanto, esse desejo ficou por terra e acabou por enveredar pela medicina. 

Lembrando a sua mudança de África para Portugal, Graça Freitas contou que aconteceu quando tinha 18 anos, um ano após ter entrado na faculdade. Os estudos seguiram-se já em Portugal e a adaptação foi "tranquila". "Adaptei-me muito bem, não foi difícil".

"O frio [estranhei um bocadinho]. Cheguei em pleno inverno e, se calhar, daquilo que mais me lembrou foi do frio. Achei aquele inverno particularmente gelado", recordou.

A entrevista seguiu-se com Graça Freitas a recorder o seu estágio e os primeiros anos como médica, elogiando o trabalho dos enfermeiros. Entretanto - e depois de ter sido surpreendida com o vídeo de um amigo que a deixou emocionada - a responsável pela DGS falou sobre as suas novas rotinas, criadas por causa da pandemia da Covid-19.

Não tenho problema em assumir que não sei uma coisa porque é impossível saber tudo. Lido com alguma tranquilidade. Faz parte do 'pacote' que veio com o cargo. Uns dias reajo melhor, outros não tão bem. De um modo geral, creio que consigo um equilíbrio (Graça Freitas)Graça Freitas revelou que agora começa cedo os contactos com várias pessoas e que "tem muita preocupação para saber o que é que está a acontecer no mundo", fazendo questão de estar sempre presente neste momento difícil. "Enquanto conseguir estar do ponto de vista físico, vou estar", garantiu.

Assumindo que não tem recebido apenas elogios, mas também várias críticas, Graças Freitas comentou que "qualquer pessoa exposta está sujeita a isso, portanto, tento relativizar as coisas". "Tento colher ensinamentos. (...) Não tenho problema em assumir que não sei uma coisa porque é impossível saber tudo. Lido com alguma tranquilidade. Faz parte do 'pacote' que veio com o cargo. Uns dias reajo melhor, outros não tão bem. De um modo geral, creio que consigo um equilíbrio", destacou.

Sobre toda a informação e dúvidas sobre as máscaras, Graça Freitas voltou a salientar que são necessárias em algumas circunstâncias, como em espaços fechados. No entanto, alertou, não se devem descurar as outras medidas, como a da constante higienização e a distância social. Não podemos "descontrair" e temos de criar uma nova disciplina, aprender novas formas de agir nesta nova realidade, pelo menos até termos uma cura para este novo vírus.

Dando o seu exemplo em relação à mãe, que vai fazer 90 anos, Graça Freitas contou que "vai vê-la menos tempo, obviamente tem saudades, mas não há abraço". E o dizer não ao abraço é uma forma de "proteger" a mãe e vice-versa.

"Eu não te beijei agora porque gosto muito de ti. É por amor que nós não nos estamos a abraçar"

Antes de terminar, Graça Freitas deixou ainda uma mensagem a todos os portugueses: "Eu sou só um grãozinho. Milhares e milhares de pessoas, no nosso país mais de 10 milhões de portugueses ou não portugueses presentes em Portugal, têm contribuído com a sua quota parte e a maior parte das pessoas tem contribuído bem. (...) Só tenho que agradecer e tenho de dizer que o que sinto é que faço parte de uma coisa que é muito maior do que eu, e o meu bocadinho é aquele que me compete e vou tentar fazer o melhor possível, sobretudo, tentando sempre em cada momento dizer a verdade às pessoas. Vamos todos sair de forma diferente, um dia, não sabemos quando, mas vamos sair".

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