Susana Pinto, 51 anos. Se esta cara não lhe é estranha, é normal. Todos as manhãs, a repórter da TVI entra pela casa dos telespectadores da TVI através do programa matutino 'Esta Manhã'. De sorriso fácil, Susana fala-nos sobre a aventura que a televisão tem sido na sua vida e de como a gratidão é uma constante.
Revela-nos que todos os dias trabalha com uma enorme felicidade, lição que passou às três filhas, mas que ainda tem sonhos para concretizar e que, por isso, não aceita ficar "à sombra da bananeira".
Atualmente solteira, depois de se separar recentemente, Susana não tem medo da solidão. Garante-nos que a sua vida é demasiado preenchida para que isso sequer lhe passe pela cabeça.
Como são os dias da Susana normalmente?
Os meus dias começam cedo e no dia anterior. Gosto de me organizar, deixo tudo preparado. Acordo às 05:30h/05:45h, tomo o meu duche, venho para a TVI e levo um banho de beleza para as pessoas não se assustarem lá em casa. Se puder, faço uma sesta de 20 minutos e chega-me para ficar bem o resto do dia. Tento também fazer uma caminhada, passar algum tempo com as minhas filhas quando elas estão comigo, preparar o dia seguinte, que é importante. Não é só chegar e fazer umas palhaçadas, tem de haver conteúdo.
Já acorda assim bem disposta?
Eu adoro acordar bem disposta. Gosto de transmitir felicidade a quem está à minha volta e quem sofre são as minhas filhas [diz, sem conter o riso]. De facto é uma felicidade podermos ir trabalhar numa coisa que gostamos.
Enquanto repórter do 'Esta Manhã' está a concretizar um sonho ou ainda tem mais coisas para fazer?
Ainda tenho mais para concretizar, mas claro, quando temos este privilégio de começar uma coisa do zero é uma enorme alegria. Só posso estar agradecida por me terem chamado. [Este formato] mistura informação com entretenimento e tem tudo a ver comigo. O conteúdo está lá, mas de uma forma mais leve. Acho que isso é importante para as pessoas acordarem bem, com alegria.
Sempre quis ser repórter de televisão ou foi a vida que a trouxe até aqui?
As coisas foram acontecendo, tive esta oportunidade de vir trabalhar para a televisão. Tirei o curso na UAL (Universidade Autónoma de Lisboa) e ainda estive para aí dois meses no Diário de Notícias. Tive a oportunidade de ir para a televisão e percebi que era isto que eu queria. A televisão permitiu-me conhecer uma data de pessoas ao longo destes anos. A TVI tem-me permitido conhecer locais e recolher pessoas que vão fazendo parte do meu álbum de recordações ao longo do meu percurso. Isso é que é o bom desta profissão.
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O momento em que estou em direto, neste caso no 'Esta Manhã', tem de ser um momento mágico. Tem de ser bom para os dois lados, uma espécie de triângulo amoroso
E nem se coloca a questão do 'aparecer', pois não?
Lido muito bem em estar do outro lado das câmaras, não tenho de estar a aparecer, fiz isso durante muitos anos. Quero é comunicar, quero conhecer e partilhar. Quero ser os olhos das pessoas. O momento em que estou em direto, neste caso no 'Esta Manhã', tem de ser um momento mágico. Tem de ser bom para os dois lados, uma espécie de triângulo amoroso. O momento em que estou com a outra pessoa tem de ser inesquecível, depois cada um vai à sua vida.
Não gosto de ser conhecida, gosto que as pessoas reconheçam que eu faço o trabalho para elas, que todos os dias tento melhorar
O que lhe dá mais gozo? Estar à frente ou atrás das câmaras?
Depende muito das situações e dos conteúdos. Eu gosto de câmaras, gosto de comunicar. Eu gosto de namorar com a câmara. Quanto mais expressivos somos, mais conseguimos comunicar e captar a atenção das pessoas. Trabalhamos para elas. Não vou ser hipócrita, mas não é o aparecer, eu gosto de comunicar com a câmara. Não gosto de ser conhecida, gosto que as pessoas reconheçam que eu faço o trabalho para elas, que todos os dias tento melhorar. Atrás das câmaras gosto da parte de produção e de saber como é que aquilo vai ficar. O melhor retorno é ouvir as pessoas a dizerem "gosto tanto de a ver na televisão".
Sou uma pessoa simpática - não é um sacrifício para mim, sou assim por natureza - se as pessoas me vão abordar eu não posso dizer 'agora não'
Lida bem com a exposição pública?
Não acho que seja chato, acho que criamos expectativas nas pessoas e seria uma ingratidão muito grande não correspondermos a elas.. Claro que não tenho aquela coisa como outras pessoas, por exemplo o Ronaldo ou a Cristina Ferreira, mas tento sempre ir ao encontro das expectativas que as pessoas têm. Sou uma pessoa simpática - não é um sacrifício para mim, sou assim por natureza - se as pessoas me vão abordar eu não posso dizer 'agora não'. Tento ser a mesma dentro e fora da televisão. Nem seria justo para as pessoas. É uma questão de justiça e de gratidão para quem nos acompanha.
Nunca teve nenhum problema nas redes sociais, por exemplo?
Não, por enquanto, sou uma pessoa muito sortuda em vários aspetos da minha vida. Lido bem com isso e a minha grande preocupação são as minhas filhas. De facto, já lhes disse que quando uma pessoa aparece há sempre o reverso da medalha. Quando as coisas correm bem é muito bonito, mas quando as coisas correm mal também temos de lidar com esse lado.
Mas lido bem com isso porque sei aquilo que faço e que as críticas que existem são uma cobardia. Felizmente não tenho tido essa experiência, mas nunca se sabe. Quando escancaramos a porta da nossa casa, temos de estar à espera do outro lado. Acho que quando vier algum comentário menos bom vou ficar triste, não quero isso, mas pronto, é a vida.
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Em televisão o grande problema não é a ingratidão, mas sim os egos
E há falta de gratidão no meio televisivo?
Em televisão o grande problema não é a ingratidão, mas sim os egos. Depende da maturidade das pessoas e da forma como agarramos as oportunidades. Não podemos estar sempre a olhar para o lado e a pensar que a galinha da vizinha é melhor do que a minha. Temos que estar atentos e agarrar as oportunidades, ou então, procurá-las. Não ter medo de correr atrás. Quando atingimos um certo patamar da nossa vida, não podemos ficar à sombra da bananeira.
Estou aqui há 20 e tal anos e penso assim. Poder-me-ão dizer que já podia ter feito outras coisas... sim, mas se calhar também não tinha maturidade para as fazer. Fui agarrando aquilo que era possível, mas sou também um bocadinho insatisfeita, daí querer sempre mais. Fui procurando coisas de acordo com o meu feitio. Não diria que foi uma injustiça. Acho que às vezes não estamos despertos para as oportunidades, é procurarmos e não estarmos à espera que as coisas no caiam ao colo. Digo muitas vezes às minhas filhas que a obrigação que têm na vida é a felicidade. Somos um povo que reclamamos muito.
No meio desse frenesim que é a vida da Susana, sobra tempo para si?
Sim. Eu tenho um enorme prazer quando estou com as minhas filhas, com a minha família, com os meus amigos, tenho um grupo enérgico e que combina sempre muitas coisas. Aprecio e sou muito feliz e agradecida pela minha vida. Moro numa vila e um dos prazeres que eu tenho é parar o carro e ir para o paredão fazer os meus quilómetros a pé. Poder ir a casa dos meus pais, das minhas irmãs, à mercearia. Coisas muitos simples, mas que me dão uma energia muito positiva. Eu e a minha família vivemos num raio de 800 metros e isso dá-me uma estabilidade emocional muito importante.
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Acho que acabo por afastar um bocado os homens [confessa, dando depois uma gargalhada]. Uma mulher muito independente e com um pacote de três filhas acaba por não ser fácil
É fácil ser amigo da Susana?
Acho que são meus amigos porque gostam de estar comigo, da mesma forma que eu gosto de estar com eles. Não gosto de fazer fretes. Sou uma amiga leal, sou um bocadinho palhaça e eles divertem-se comigo. Até agora, não tenho muitas queixas. Passamos bons momentos quando estamos juntos.
E o seu coração... continua livre?
Acho que acabo por afastar um bocado os homens [confessa, dando depois uma gargalhada]. Uma mulher muito independente e com um pacote de três filhas acaba por não ser fácil. Acho que tudo vem a seu tempo. Adoro estar sozinha, não é uma coisa que me incomode. Nunca vou sofrer de solidão, estou sozinha porque eu quero. Na brincadeira com as minhas filhas digo sempre que fui agricultora a vida toda, estive sempre a semear, e agora estou a colher. Não tenho medo de estar sozinha, ainda não apareceu ninguém. A vida é feita de pequenas missões. A minha prioridade são as minhas filhas e família, tenho o meu lado profissional e tenho os meus amigos.
Quando aparecer, aparece. Mas não tenho pressa nenhuma. Adoro sair de casa e não dar satisfações a ninguém
Qual era o perfil do 'candidato' ideal para a Susana?
Eu não tenho perfil ideal, mas tem de ser uma pessoa que tenha sentido de humor, que respeite este lado independente e que seja um bocadinho aquilo que eu digo aos amigos: amigo que é amigo não cobra nem obriga a escolher. Não sou muito exigente com as pessoas, só quero que sejam bem resolvidas, que gostem da minha maneira de ser - não a vou alterar por causa de outra pessoa, não é justo nem para ela, nem para mim. Quando aparecer, aparece. Mas não tenho pressa nenhuma. Adoro sair de casa e não dar satisfações a ninguém. Tenho uma vida preenchida, esse lado de ter companhia não é uma coisa que me preocupe, não vou ficar solteira para o resto da vida, mas senão acontecer também não há de ser por aí. Tenho uma família tão grande que não é uma coisa que me preocupe.
A idade não é um peso? Consegue aceitá-la?
Tenho 51 anos, sinto-me super bem com a idade que tenho, tento melhorar algumas coisas e claro que tenho alguns cuidados. Tento não engordar, a forma como me visto, acho que tenho um espírito jovem e isso também ajuda muito. Mas não penso que estou a ficar velha. Não faço planos a longo prazo, vivo muito o presente. Vivo um dia de cada vez.
E há vontade de recorrer às intervenções estéticas?
Há, há. Vou tirar tudo o que puder. Acho que são como os comprimidos: se temos alguma dor e eles existem, é por alguma razão. Irei fazer isso, tudo a seu tempo, claro que vou fazer, não tenho problemas nenhuns em assumir. Não quero ficar desfigurada, mas quero fazer alguma coisa pontualmente, porque trabalho com a imagem. Não quero deixar de ter rugas, porque fazem parte da nossa vida, mas vou fazer uns retoques, isso com certeza.
O que diria à Susana de há 20 anos quando começou nesta carreira?
A Susana de há 20 anos nunca pensou que ia seguir este caminho. Acho que iria dizer para continuar a apostar neste percurso porque tenho tido momentos muito felizes. A televisão trouxe-me coisas muito boas, pessoas incríveis. Diria 'vai, este é o caminho, vão acontecer coisas menos boas, mas isso é o que nos vai dar traquejo para conseguirmos'. Quando nos acontece uma coisa menos boa é para nos preparar para o que vem aí.
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