Marta Gil foi este sábado, dia 21, protagonista do programa 'Conta-me'. A atriz conversou com Manuel Luís Goucha sobre o seu percurso de vida.
"Ser atriz é aquilo que sou, tenho a certeza disso", realçou, manifestando de forma convicta a sua opinião sobre a profissão.
"Acho que o preconceito em relação à telenovela é dos próprios atores, não é do público", disse, deixando claro que na sua opinião as novelas são muito importantes para os atores.
"Se calhar chegámos agora a um ponto do mundo, ou desta nossa fase em Portugal, em que parece que qualquer um pode ser ator... Mas não é. Parece, mas não quer dizer que seja verdade", atirou, assumindo que as suas afirmações estavam a ser feitas "apenas" em jeito de crítica.
"Não acho que todos os atores tenham de estudar para isso, até porque há brilhantes atores que não estudaram, mas há um trabalho por trás. O trabalho todos os atores têm de o ter", realçou, defendendo que é para si fundamental o "respeito pela profissão".
"Isto não é andarem para aqui a dizer umas coisas e tirar umas fotos e aparecer na capa de uma revista, é mais do que isso. Vamos para com essa ilusão sobre esta profissão. Vamos parar de achar que ser ator é ter 50k no Instagram e tirar umas fotos e vender uns produtos. Não é, nunca foi e não é suposto ser", disse, assumindo em seguida e já de lágrimas nos olhos: "Eu irrito-me imenso a falar destas coisas".
"Venho deste meio, grande parte dos meus amigos são deste meio. Do ator que trabalha, que tirou conservatório, que fez 30 por uma linha e que não tem trabalho. Convivo com estas pessoas diariamente e, portanto, não consigo ficar indiferente", afirmou.
També Marta confessa já ter passado por "fases complicadíssimas pelo facto de ter escolhido ser atriz". Quando na quarentena regressou dos EUA precisou de trabalhar num quiosque, aventuras que assume com orgulho e que não a fazem arrepender de ter escolhido o caminho da representação.
Em Los Angeles, a artista portuguesa trabalhava como atriz e ao mesmo tempo, ao fim de semana, num restaurante. A experiência fê-la ter ainda mais certezas de que não há motivo para que os atores portugueses tenham vergonha de, em Portugal, fazer outros trabalhos quando não conseguem estar no meio artístico.
"Nós criamos tanto esse preconceito na nossa cabeça que depois preferimos estar em casa à espera que o telefone toque, e ele não toca e não temos dinheiro para pagar as cosias ao final do mês. Isso é um preconceito que nos próprios atores temos de tirar da nossa cabeça", explicou, mostrando-se agradecida pela fase estável que agora atravessa mas sempre pronta a arregaçar as mangas caso algo não corra como esperado.
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