Esta terça-feira, 12 de julho, foi transmitida na SIC uma entrevista que Júlia Pinheiro fez a Violante Saramago Matos, filha de José Saramago e Ilda Reis. A escritora, que durante muitos anos foi conhecida como Violante Matos, explica o que a motivou a tomar esta decisão, realçando a sua necessidade de "afirmação".
"A gente tem de escolher. Quando se é filha da mãe e filha do pai, e estamos a falar de uma mulher que foi muito grande na gravura nos anos 1960, que recebeu um prémio europeu das artes e das letras e de um homem que foi prémio Nobel da Literatura, a gente tem de escolher ser filha para o resto da vida ou ter vida própria", nota.
"No setor das Artes Plásticas eu era a filha da Ilda Reis, no setor da Literatura eu era a filha do José Saramago e nunca mais era a Violante", revela, notando que decidiu adotar um 'novo nome' quando se mudou com o marido para a Madeira.
"O meu pai não gostou nada que eu tivesse tirado o Saramago e o meu marido também não achou graça nenhuma", recorda.
No entanto, conforme Violante lembra, houve uma situação que fez com que Saramago percebesse a intenção da filha.
"Um dia o meu pai vai à Madeira, tivemos uma galeria de arte. Vinha no carro com ele e vejo uma senhora com quem mal falava que se aproxima e diz-me: ‘É o José Saramago’. ‘É filha do José Saramago?. Tem de lá ir a casa tomar um chá’. Depois virei-me para o meu pai e disse: ‘percebeste?’".
"A partir de certa altura criei uma identidade assumidamente minha e passei a usar o Saramago já de uma forma absolutamente consciente", concluiu, garantindo que esta questão já não a incomoda atualmente.
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