Uma mulher que testemunhou segunda-feira disse que o ex-produtor norte-americano Harvey Weinstein a violou sexualmente num quarto de hotel durante o Festival de Cinema de Toronto (TIFF) em 1991, voltando a repetir o ato 17 anos depois.
Segundo a testemunha, Weinstein tê-la-á violado novamente em 2008 no mesmo quarto de hotel durante o TIFF.
A mulher disse que era uma aspirante a atriz de 24 anos no festival de 1991 e não sabia quem era o então produtor antes de o conhecer numa festa.
No banco das testemunhas no julgamento que decorre em Los Angeles (Califórnia), a queixosa disse que ficou encantada com Weinstein no início, enquanto falavam de livros e filmes.
"Demo-nos muito bem. Ele era muito inteligente. Tivemos uma excelente conversa", lembrou.
A testemunha disse que ambos saíram da festa para beber um copo de vinho num café próximo e depois seguiram para o quarto de Weinstein no Four Seasons Hotel.
"Tudo aconteceu muito, muito, muito rápido. Fiquei em choque. Foi tão inesperado", sustentou, dizendo que o ex-produtor lhe tirou a saia, lhe colocou uma toalha e lhe disse que a sua esposa "adorava isso".
A cumprir uma sentença de 23 anos de prisão em Nova Iorque, Weinstein, de 70 anos, declarou-se inocente de 11 acusações de abuso sexual, envolvendo cinco mulheres em Los Angeles, e negou ter feito sexo não consensual.
O ex-produtor não é acusado das alegadas agressões descritas no depoimento de hoje.
A mulher, juntamente com outras três, está a ser autorizada a testemunhar para que os procuradores possam mostrar a tendência de Weinstein pelos crimes dos quais é acusado.
A testemunha recordou ainda que não voltou a ver o ex-produtor até 2008, quando tinha 41 anos e morava temporariamente no Four Seasons com o marido e os filhos.
A mulher referiu que voltou a encontrar Weinstein durante o TIFF daquele ano.
"O meu sangue parou. Estava com muita raiva. (...) Queria confrontá-lo", indicou.
Quando a assistente de Weinstein foi ao seu quarto para marcar um encontro, a mulher disse que sim.
Uma vez no quarto do ex-produtor, a mulher perguntou: "Como é estar na frente da única mulher que disse não para si?".
Após dispensar a assistente, segundo a mulher, Weinstein terá agarrado nas suas mamas e se masturbado na sua frente antes de a deixar sair.
A mulher disse que não tinha contado a ninguém sobre a segunda violação durante anos devido ao "puro embaraço".
"Fiquei em choque. Tão envergonhada, tão envergonhada. (...) Nunca quis passar por algo assim de novo", referiu.
Este testemunho parece ser o primeiro em que é contada a sua história num ambiente público.
Como outras testemunhas, a mulher contou a sua história rapidamente e numa linguagem simples, mas foi solicitada a voltar atrás e a facultar detalhes mais gráficos e mais complicados, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).
Os advogados de Weinstein deverão interrogar a testemunha na tarde de terça-feira.
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