O rei de Espanha, Felipe VI, reiterou hoje o compromisso com a integridade, mesmo quando implica um "custo pessoal", como aconteceu nos primeiros dez anos do seu reinado.
Felipe VI foi proclamado rei de Espanha em 19 de junho de 2014 pelo parlamento nacional, depois de o pai, Juan Carlos I, ter abdicado, num momento em que o então chefe de Estado estava envolvido em polémicas relacionadas com a sua vida íntima e comportamentos pessoais considerados pouco éticos a que se somaram suspeitas de corrupção que salpicavam também outros membros da família real.
Para os analistas, os primeiros dez anos de Felipe VI ficaram marcados por um caminho de regeneração da imagem da coroa e medidas conhecidas como "de exemplaridade".
Incluíram rejeitar a herança material do pai - que vive fora de Espanha desde 2020, por causa das polémicas -, submeter a Casa Real ao escrutínio do Tribunal de Contas, deixar de aceitar favores e presentes, retirar os títulos nobiliárquicos a uma das irmãs ou reduzir a família real a seis pessoas, fazendo dela, a par da da Noruega, a mais pequena da Europa.
Num discurso hoje no Palácio Real de Madrid, Felipe VI disse que nestes dez anos cumpriu e respeitou sempre a Constituição espanhola, que instituiu o regime monárquico parlamentar em Espanha, em 1978, assim como os valores que estão na base da convivência democrática e "os princípios éticos e morais considerados universais".
"A coerência e a integridade são os critérios em que se devem basear sempre os atos da Coroa", sublinhou o chefe de Estado espanhol.
Felipe VI acrescentou que ser rei de Espanha tem implicado e continua a implicar também "um esforço em ouvir, em discernir o que é correto do que não é, e em agir de forma responsável com esse discernimento, assumindo inclusivamente o custo pessoal que pode implicar", numa referência às medidas que tomou em relação ao pai e a uma das irmãs.
Espanha assinala hoje os dez anos de reinado de Felipe VI, com diversas cerimónias e iniciativas, em celebrações consideradas pouco habituais para os padrões da Casa Real espanhola, que não costuma assinalar publicamente datas relevantes ou aniversários.
Um dos momentos inéditos do dia foi a presença da família real (os reis Felipe VI e Letizia e as duas filhas, Leonor e Sofía de Borbón) numa das varandas do Palácio Real de Madrid para assistirem, pela primeira vez, ao render da Guarda Real, a que se seguiu uma saudação breve às dezenas de pessoas concentradas na rua, no mesmo local, a partir de outra das varandas do edifício.
O rei condecorou depois - como já fez noutras ocasiões - 19 espanhóis, membros da sociedade civil, um de cada região autónoma e das cidades de Ceuta e Melilla, pela sua contribuição, de maneira anónima, para "a construção de um país melhor" com o seu esforço, trabalho e atitude.
O primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, como fizeram hoje outros políticos e personalidades do país, congratulou Felipe VI pelos dez anos de reinado.
"Parabéns por esta primeira década a representar e a servir Espanha com exemplaridade, lealdade e transparência", escreveu Sánchez nas redes sociais.
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