É com o propósito de se antecipar à chegada de certas doenças que, na China, o cientista He Jiankui atua em embriões, no sentido de alterar o código genético dos genes por onde se iria desenvolver algum problema ou complicação. Com esta mudança, surgem os primeiros seres humanos geneticamente modificados.
Tornar tais bebés resistentes ao vírus da SIDA através da eliminação de certos genes – para o qual usa como ferramenta o editor genético CRISPR-Cas9 – é um dos feios deste cientista, apresentados pelo próprio num vídeo online este domingo, onde garantiu que os gémeos recém-nascidos submetidos à alteração genética estão saudáveis e nasceram sem qualquer complicação.
Mas segundo a CNN, outros especialistas da mesma área mostram-se reticentes acerca desta forma de atuação, alegando que daí possam surgir problemas de saúde já que, mesmo assumindo que se elimina o risco da SIDA, o gene em questão tinham outras funções, com que agora tais bebés agora não contam, nomeadamente o controlo da produção de glóbulos brancos.
Além disso, “os genes não existem isoladamente, estão constantemente a interagir com outros, o que traz grandes efeitos para o organismo”, diz à Live Science Mazhar Adli, geneticista da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia que alerta para o perigo de a eliminação de um gene poder comprometer a forma de atuação de todos os outros.
Daqui se conclui que esta técnica de alteração genética deve ser usada em casos excecionalmente específicos, uma vez que as desvantagens (ainda não totalmente conhecidas) parecem superar o lado bom. Além disso, relativamente ao vírus da SIDA, “há formas mais seguras (e fáceis) de o prevenir. Como o tratamento pelo método PrEP, que consiste em tomar um comprimido diariamente e provou ter sucesso a nível de prevenção de infeções na maioria dos casos”, alega a especialista.