O cancro do pulmão é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade em todo o mundo. A nível mundial e segundo dados de 2018 da Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro (dados de 185 países e 36 tipos de cancro), a mortalidade por cancro do pulmão ocupa o primeiro lugar destacado com 18,4%, seguido do cancro coloretal com 9,2%, cancro do estômago com 8,2%, fígado com 8,2% e cancro da mama com 6,6%. Estima-se que em 2018 tenham sido diagnosticados 5200 novos casos de cancro do pulmão no nosso país, 4000 homens e 1200 mulheres, segundo dados da Agência Internacional de Observação da Doença Oncológica (Globocan 2018). Em Portugal, o cancro do pulmão é o 4º em incidência, após coloretal, mama e próstata, mas o primeiro em mortalidade.
O tabagismo é um reconhecido fator de risco de cancro do pulmão, consequentemente muitos destes doentes têm Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) associada. Fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países mais desenvolvidos, contribuindo para seis das oito primeiras causas de morte a nível mundial.
As opções terapêuticas têm evoluído muito nos últimos anos, o que tem permitido conseguir proporcionar tratamentos mais eficazes e de maior tolerabilidade, favorecendo uma maior sobrevida com maior qualidade de vida. Novos fármacos estão a revolucionar e entusiasmar doentes, família e profissionais de saúde para passo a passo darmos ao nosso doente mais vida com qualidade. Graças às novas terapêuticas e à Reabilitação Respiratória, as pessoas com cancro do pulmão conseguem cada vez mais ter uma vida ativa e com qualidade.
António Carvalheira Santos© Hill Knowlton Strategies
O tratamento é definido de acordo com as características de cada caso e de acordo com o estadio do cancro do pulmão que o doente tem. Cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e novas terapêuticas biológicas, qualquer destas isoladas ou associadas entre si e sempre aliadas à melhor terapêutica de suporte, constituem as principais armas no tratamento do cancro do pulmão.
A Reabilitação Respiratória deve fazer parte integrante do plano terapêutico do doente respiratório e o cancro do pulmão não é excepção. O Colégio Americano de Médicos Pneumologistas refere mesmo que o controlo dos sintomas no cancro do pulmão é tão importante como o tratamento do próprio cancro.
Numa fase mais precoce da doença, a Reabilitação Respiratória ajuda a otimizar a capacidade funcional (respiratória, muscular e cardíaca), devendo ser aplicada no pré e pós-operatório, para uma recuperação mais fácil e adequada, permitindo ao doente voltar o mais rapidamente possível à sua vida diária sem limitações.
No pós-operatório a Reabilitação Respiratória é obrigatória para aumentar a expansão pulmonar e impedir aderências pleurais. Nas sessões de Reabilitação Respiratória fazem também parte técnicas de higiene brônquica e de exercício.
Nas fases mais avançadas da doença, quando se aplicam terapêuticas como a quimioterapia, a imunoterapia ou a radioterapia, o programa de Reabilitação Respiratória pode ser aplicado em simultâneo, sempre adaptado ao estado do doente, para melhorar a capacidade respiratória e diminuir sintomas como fadiga e dispneia (falta de ar), ao mesmo tempo que promove a melhoria da capacidade funcional e muscular.
Existem estudos que identificam uma prevalência de 80% de fadiga relacionada com o cancro em doentes sob quimioterapia e/ou radioterapia, já que estas terapêuticas diminuem a capacidade de entrega/utilização do oxigénio durante o esforço, contribuindo para a intolerância ao exercício.
As modalidades de intervenção são múltiplas, nomeadamente com exercício aeróbico através do uso de bicicleta, tapete rolante, marcha e treino de escadas, treino de força, de relaxamento e sessões educacionais.
Para além dos benefícios físicos, a Reabilitação Respiratória tem também benefícios psicológicos, uma vez que traz mais segurança e dá ferramentas aos doentes para lidar com o medo de ter dor ou falta de ar. A convivência que proporciona entre doentes e profissionais de saúde faz com que as sessões de Reabilitação Respiratória se tornem muitas vezes numa motivação extra durante o tratamento da doença oncológica.
Um programa de Reabilitação Respiratória assenta em três pilares: controlo clínico, treino de exercício e educação. Esta intervenção é sempre adaptada às necessidades de cada doente, em cada momento específico da sua doença e do seu tratamento. É indispensável o apoio de uma equipa multi e interdisciplinar composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais.
O AIR Care Centre®, criado em 2014, é o primeiro centro em Portugal exclusivamente dedicado à Reabilitação Respiratória fora do meio hospitalar e que junta uma equipa multi e interdisciplinar de profissionais de saúde experientes a excelentes condições de espaço físico e equipamentos para um processo completo de reabilitação.