Desreguladores endócrinos são compostos químicos que se espalham pelo meio ambiente e, quando ingeridos, afetam o funcionamento hormonal, produzindo efeitos adversos em diversas funções do corpo.
Atualmente, estima-se que existam aproximadamente 200 substâncias conhecidas pela União Europeia cujos efeitos nocivos para o organismo já foram comprovados por pelo menos um estudo científico.
Todavia, os diruptores endócrinos mais comuns e conhecidos são os pesticidas e agrotóxicos, como o DDT; componentes de objetos plásticos, como o bisfenol A (BPA) e o ftalato; retardadores de chamas utilizados em móveis e pavimentos; conservantes e moléculas presentes na poluição atmosférica.
A contaminação por essas substâncias constitui um problema global e ubíquo. Devido ao papel fundamental desse sistema em várias funções biológicas e fisiológicas, deficiências em qualquer parte podem levar a doenças ou até mesmo à morte.
A exposição pode ocorrer em casa, no escritório, no campo, no ar que respiramos, nos alimento que comemos e na água que bebemos. Os animais no topo da cadeia alimentar, incluindo os seres humanos, têm a maior concentração destas substâncias químicas ambientais nos seus tecidos.
“Não se trata de uma exposição grande, momentânea e aguda, como Chernobyl ou a das bombas atómicas. Mas, em pequenas quantidades, durante um longo período de exposição. Por exemplo, a exposição a essas substancias na infância, trará problemas na vida adulta ou até mesmo pode afetar outras gerações. Existem momentos da vida em que os efeitos dessas substâncias são mais críticos, como durante a gravidez ou em fases mais iniciais da vida.”, explica o endocrinologista César Luiz Boguszewski, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), em declarações à revista Veja.
Riscos para a saúde
De acordo com o Guia de Disruptores Endócrinos, não é coincidência que produtos químicos, como os bifenilos policlorados (PCB), BPA e ftalatos, passaram e ser detectáveis no organismo de seres humanos nos últimos anos. Nem que, no mesmo período, se registou uma aumento na incidência de infertilidade, doenças endócrinas pediátricas, como problemas reprodutivos masculinos (criptorquidia, hipospádia, cancro testicular), puberdade feminina precoce, leucemia, cancro cerebral e distúrbios neurocomportamentais.
Nas últimas quatro décadas, a produção global do saco plástico aumentou seis vezes, passando de 50 milhões de toneladas em 1970 para quase 300 milhões nos dias de hoje. As vendas da indústria química global aumentaram de 171 bilhões de dólares em 1970 para mais de 4 trilhões de dólares em 2013.
O documento, feito pela Endocrine Society, dos Estados Unidos, juntamente com a Organização Não Governamental IPEN, enumera alguns tipos de substâncias químicas que desregulam o metabolismo e as hormonas e cita alguns dos problemas divulgados em diversos estudos, causados por esses compostos. São eles: cancro, obesidade, doenças da tiroide, próstata (homens) e alterações no sistema reprodutivo (qualidade das células reprodutoras masculinas e femininas, ameaçando a fertilidade e reprodução humana).