Esqueça a ideia de que o salmão é o melhor peixe que pode comer (não é)

A maioria do salmão consumido no mundo pode estar contaminado com substâncias prejudiciais à saúde humana.

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Liliana Lopes Monteiro
06/09/2019 10:00 ‧ 06/09/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Riscos de comer salmão

O salmão é considerado um peixe extremamente nutritivo e saboroso, considerado por muitos especialistas como saudável, devido sobretudo às grandes quantidades de ómega 3 que comporta e que favorecem a saúde cardiovascular. Tal tem resultado com que o seu consumo tenha aumentado consideravelmente nas últimas décadas em todo o mundo.

Nos últimos anos, no entanto, relatórios apontam uma possibilidade de o salmão não ser tão saudável assim.

Isso quer dizer que o salmão faz mal à saúde?

Em algumas situações, este peixe pode causar danos à saúde humana por conta de substâncias tóxicas presentes nas águas em que o animal procria - e que acabam contaminando a carne do salmão. Entre elas, destacam-se os PCBs, poluentes muito comuns na água do mar e que se concentram ainda mais no salmão de cativeiro.

O que são PCBs?

Bifenilos policlorados, conhecidos por PCBs (polychlorinated biphenyls), são misturas de até 209 compostos clorados. Não existem fontes naturais dos PCBs. Por serem praticamente incombustíveis e apresentarem alta estabilidade e resistência, têm sido utilizados para diversos fins como fluidos dielétricos em transformadores e condensadores, em óleos de corte, lubrificantes hidráulicos, tintas, adesivos e etc.

Entre os danos à saúde humana, o mais comum é a cloroacne: uma escamação dolorosa que desfigura a pele e que se assemelha à acne. Os PCBs também causam danos no fígado, problemas oculares, dores abdominais, alterações nas funções reprodutivas, fadiga e dores de cabeça, além de serem potenciais cancerígenos. A criação de medicamentos hormonais que envolvem PCBs na sua produção também podem causar a disrupção hormonal, como no caso do xenoestrogénios nas mulheres.

Devido à sua grande estabilidade química e à ampla disseminação de produtos contendo PCBs, é comum encontrá-los no meio ambiente devido à descarga dessas substâncias por atividades humanas contaminantes do solo. A contaminação atinge os lençóis freáticos que acabam nos lagos, rios e oceanos, prejudicando peixes e outros seres vivos aquáticos.Os PCBs também são poluentes orgânicos persistentes (POPs), que se caracterizam por serem altamente tóxicos, por permanecerem no ambiente por muito tempo e por serem bioacumulativos e biomagnificados.

Salmão criado versus salmão selvagem

aquicultura do salmão é considerada o sistema de produção mais prejudicial ao meio ambiente. A criação de salmão, normalmente, utiliza a prática de gaiolas ancoradas, que entram em contato direto com a água do mar, permitindo que componentes químicos, doenças, vacinas, antibióticos e pesticidas usados na manutenção da saúde do salmão sejam libertados e possam entrar em contato com a vida marinha.

Cerca de 80% de todo o salmão presente no mercado é proveniente da aquicultura. Com a contaminação dos PCBs na água, tanto o salmão criado, quanto o selvagem estão expostos a essas substâncias, porém, devido à alimentação gordurosa à base de farinha e azeite de peixe, a acumulação é maior nos animais criados. Um estudo publicado na revista Science demonstrou que peixes de criação possuem entre cinco e dez vezes mais concentração de PCBs no seu organismo quando comparados aos selvagens. O estudo realizado pela Indiana University analisou filetes de 700 salmões de viveiros e salmões selvagens procedentes de oito das maiores regiões produtoras e comprados em comércios de várias cidades pela Europa e América do Norte. Ao se alimentar desses peixes contaminados, essas substâncias químicas acumulam-se no corpo humano por meio do processo de bioacumulação e podem trazer sérios danos à saúde humana.

Recomendações

Para diminuir a contaminação de PCBs pela carne do salmão de aquicultura, deve cortar a pele e a gordura visível do peixe, uma vez que os PCBs são armazenados na gordura. Procure também preparar o salmão por meios que reduzem significativamente a quantidade de gordura na carne, como fazer o salmão grelhado. Consumir o salmão enlatado também é uma boa dica - isso porque, em sua grande maioria, ele é de origem selvagem (aparentemente, o salmão de aquicultura não se conserva bem quando enlatado).

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