Comer peixe faz assim tão bem à saúde?

O peixe tem uma excelente reputação como fonte de nutrientes altamente benéficos para a saúde.

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Liliana Lopes Monteiro
15/10/2019 13:00 ‧ 15/10/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Comer peixe

Mas será que o peixe faz assim tão bem? Se sim, qual é o melhor peixe do ponto de vista nutricional?

A resposta não é de todo simples.

Ómega 3

Nos últimos anos, a boa reputação do peixe esteve associada à presença de ómega 3, ácidos gordos essenciais que o corpo não produz a partir de outras substâncias - são ‘poli-insaturadas’.

Durante muito tempo a ciência apoiou e incentivou o consumo de peixe. Estudos sugeriam que o consumo era benéfico para o coração, o desenvolvimento do cérebro e o crescimento.

O ómega 3 começou a ser adicionado a certos alimentos, como leite, sumos e cereais, e uma indústria de suplementos de óleo de peixe floresceu.

Mas, mais recentemente, pesquisas ligaram o ómega 3 a um risco maior de desenvolver certos tipos de cancro (como o de próstata) e descartaram que o consumo de suplementos de óleo de peixe reduz o risco de doenças cardíacas.

O excesso de ómega 3 foi também associado a um maior risco de acidente vascular cerebral (AVC).

"Foram atribuídos ao ómega 3 diversos benefícios sobre os quais não se têm certeza", disse à BBC Eduardo Baladía, editor da revista Nutrição Humana e Dietética e promotor do Centro de Análise de Evidência Científica da Fundação Espanhola de Dietética e Nutrição (FEDN).

"Na verdade, temos dúvidas sobre o ómega 3. É muito problemático dizer que consumi-lo faz bem para a saúde”.

O quadro completo

Um ponto sobre o qual os especialistas concordam é que o valor nutritivo do peixe não começa e não termina no ômega 3.

"Se pudéssemos dizer, com toda a certeza, que os benefícios de comer peixe têm origem inteiramente na gordura poli-insaturada, então ingerir pílulas de óleo de peixe seria uma alternativa a comer o próprio peixe. Mas é mais provável que uma pessoa necessite da totalidade das gorduras dos pescados, as vitaminas e minerais que os compõe", escreveu Howard Levine, chefe editorial da publicação de Saúde da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, num artigo em 2013.

"Às vezes fixamo-nos demais em supernutrientes e superalimentos", diz Eduardo Baladía.

"A ingestão de peixe substitui o consumo de carne, que têm gorduras menos saudáveis. Isso podemos considerar verdade absoluta. E, só por isso, já é interessante comer peixe", completa.

Então, qual peixe?

Em revistas e jornais, inúmeros artigos recomendam a opção por peixes com mais gordura, por que são ricos em ómega 3.

A Clínica Mayo, em Rochester, nos Estados Unidos, por exemplo, diz que "peixes gordurosos, como salmão, truta, arenque e atum, contêm mais ómega 3, e, assim, proporcionam mais benefícios”.

Baladía, por sua vez, acha que também há espaço para o consumo de peixe com baixo teor de gordura - e, portanto, calorias.

"Especialmente numa sociedade em que o consumo de energia é alto, em que as gorduras saturadas e o colesterol são elevados, uma refeição sem isso, feita apenas de proteínas, é atraente", diz.

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