As doenças cardiovasculares e os tumores estão no topo da lista das principais causas de morte, não apenas em Portugal, como em todo o mundo. No entanto, dificilmente se ouve falar de um diagnóstico que relacione um cancro ao coração. Mas mesmo sendo pouco conhecidos, os tumores cardíacos existem e geralmente demoram a ser diagnosticados, já que os portadores da doença costumam ser assintomáticos.
O cirurgião cardiovascular Marcelo Sobral, afirma que a condição é extremamente rara e, por isso, quase não se houve falar da mesma. "A maioria dos casos de tumores cardíacos estão ligados a metástases de tumores que tiveram origem noutros órgãos e que, num estágio mais avançado, afetam também o coração. Mas é possível que o tumor tenha origem nos tecidos musculares do coração, devido a alguma mutação no processo de crescimento e divisão das células do corpo, mas na maioria dos casos são benignos", conta o especialista.
De acordo com o cirurgião, a baixa incidência da doença deve-se ao tecido muscular que compõe o órgão. Ao contrário de outras partes do corpo, as células do coração encerram o ciclo de divisão bastante cedo e sem essa divisão celular, a probabilidade de se registar uma multiplicação das células, que é justamente o que caracteriza o cancro, torna-se significativamente menor.
"Diferentemente de outras cardiopatias, o tumor cardíaco não segue um padrão, afetando pessoas de determinada idade, sexo ou hábitos de vida. Pode acometer qualquer indivíduo e como a maioria não apresenta sintomas, a suspeita só surge quando alguma anormalidade é visível num eletrocardiograma, por exemplo", afirma Sobral.
Nos casos em que o paciente apresenta sintomas, segundo o médico, estes costumam variar entre falta de ar e perda da capacidade física, insuficiência cardíaca súbita, arritmias ou queda súbita da pressão arterial, até uma embolia ou um derrame, sintomas comuns de outras doenças.
Quanto ao tratamento, o cirurgião ressalta que varia de acordo com o tipo, extensão ou localização dos tumores. "Pode ser indicada a retirada do tumor, sessões de quimioterapia e de radioterapia, além da toma de medicação específica para retardar a progressão da doença e conter os sintomas", conclui.